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Após comentário de auxiliar técnico, CBF e Palmeiras se estranham

No empate com o Athletico-PR, João Martins criticou a arbitragem e a Confederação

Por Da Redação Atualizado em 3 jul 2023, 18h36 - Publicado em 3 jul 2023, 17h29

O Palmeiras, quarto colocado no Brasileiro, e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), iniciaram uma “briga” por meio de notas oficiais, nesta segunda-feira (3). A rusga começou depois do empate em 2 a 2, entre o Verdão e o Athletico-PR, no último domingo (2), pelo Nacional. Substituto de Abel Ferreira, suspenso, à beira do gramado, o auxiliar técnico João Martins, durante a entrevista coletiva, fez críticas à arbitragem de Jean Pierre Gonçalves, por ele não ter expulsado o zagueiro Zé Ivaldo, que deu uma cotovelada em Endrick, no início da partida. O lance resultou em um pênalti que o jovem desperdiçou, antes, o defensor recebeu o cartão amarelo. Martins também insinuou também cutucou a CBF, por, segundo ele, não querer que o clube paulista ganhe novamente o campeonato.

“Entendemos que o futebol brasileiro passa uma imagem de que  é o mais competitivo do mundo, porque ganham vários (times). Mas ganham vários porque, muitas vezes, não deixam os melhores ganharem. Foi o que mais uma vez se passou hoje. É ruim para o sistema o Palmeiras vencer dois anos seguidos”, afirmou o auxiliar, visivelmente irritado, que antes, ironizou ao saudar sua presença na coletiva para preservar a “saúde mental da comissão técnica.”

Em nota oficial, a CBF classificou o comentário do palmeirense como “lamentável”, acusando-o de xenofobia. A entidade também afirmou que entrará com denúncia contra Martins no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). “A CBF está encaminhando o vídeo contendo as declarações do profissional do Palmeiras ao presidente e ao procurador do STJD para que ele revele qual seria o esquema ou o sistema no futebol brasileiro que não permite que o melhor vença.”, diz trecho da mensagem, publicada no site e nas redes sociais da CBF.

 Pouco depois, foi a vez do Palmeiras divulgar sua nota oficial, questionando as palavras da entidade que comanda do futebol nacional. O alviverde negou que a fala do seu funcionário tenha sido xenófoba. Além disso, listou uma série de episódios em que teria sido prejudicado pela arbitragem e em decisões da própria CBF. Entre elas, um lance que não teria sido revisado pelo VAR na partida contra o São Paulo, ano passado, pela Copa do Brasil, e a “perda” de três jogadores – Raphael Veiga, Rony e Weverton – na rodada do Brasileiro, após a última Data Fifa.

Sobre a denúncia ao STJD, o clube afirmou confiar “na independência do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), evocado pela CBF, e temos convicção de que o órgão dará ao auxiliar João Martins o tratamento equilibrado que lhe compete.”

No fim da tarde desta segunda, a torcida palmeirense Mancha Alvi Verde entrou na discussão. Também em nota divulgada nas redes,  a torcida organizada criticou as declarações da CBF e acusou a entidade de perseguir o clube.

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 Leia na íntegra as duas notas oficiais:

Nota da CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente o que se viu ontem (02/07) por parte do auxiliar técnico do Palmeiras, João Martins, designado para a entrevista coletiva pós jogo. O ato lamentável foi muito além das reclamações semanais da arbitragem. O que ocorreu, de fato, foi um desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa, mostrando inclusive desconhecimento do próprio campeonato que disputa, que já teve tricampeões, bicampeões, com vários times ganhando seguidamente.

O comportamento do jogador brasileiro, que o funcionário em questão tanto critica, não corresponde à realidade, na medida em que o Brasil é o país do mundo que mais tem jogadores atuando no exterior, inclusive na própria seleção portuguesa.

A atual gestão da arbitragem da CBF nunca, em nenhum momento, esteve tão transparente e se expôs tanto, dando satisfações públicas semanais, inclusive reconhecendo eventuais equívocos. Somos o único país do mundo a oferecer avanços tecnológicos nos estádios, com os telões mostrando os lances da partida em tempo real. Inclusive, o lance em questão, alvo de reclamação, foi acompanhado por todo o estádio, por jogadores e torcedores. A CBF, através de sua comissão de arbitragem, quer assim dar total transparência aos lances duvidosos que normalmente ocorrem durante as partidas.

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Nunca a entidade investiu tanto no aprimoramento da arbitragem. Nesta segunda-feira (03/07), por exemplo, os árbitros designados para a próxima etapa da Copa do Brasil estão em treinamento no Rio de Janeiro. E também hoje à tarde, e pelos próximos 15 dias, as árbitras vão passar por cursos, treinamentos e aprimoramento técnico. Os investimentos são expressivos e com foco na constante melhoria da qualidade do quadro de arbitragem. Avanços esses que somos pioneiros no mundo.

Equívocos de arbitragem, de jogadores, técnicos, acontecem em todos os lugares, inclusive e, principalmente, na Europa. São parte do processo, do mecanismo do futebol, que não é feito por máquinas. Portanto, nada justifica o que se viu ontem e que foi amplamente divulgado pela imprensa em todo o mundo.

A CBF está encaminhando o vídeo contendo as declarações do profissional do Palmeiras ao presidente e ao procurador do STJD para que ele revele qual seria o esquema ou o sistema no futebol brasileiro que não permite que o melhor vença.

 

Nota de resposta do Palmeiras:

 

Diante da agressiva nota oficial divulgada nesta segunda-feira (3) pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), a Sociedade Esportiva Palmeiras propõe alguns questionamentos, sempre no sentido de defender os direitos do clube e contribuir com a melhora do produto futebol:

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– Por que o comunicado da CBF é endereçado exclusivamente ao Palmeiras, sendo que profissionais de outra equipe da Série A fizeram, também ontem, comentários semelhantes aos do auxiliar técnico João Martins?

– Por que a opinião de um profissional português sobre o futebol brasileiro causou tanto desconforto à CBF se a própria entidade, como é de conhecimento público, busca um treinador estrangeiro para comandar a Seleção Brasileira?

– Qual teria sido a conduta “xenofóbica” de João Martins? Elogiar a qualidade dos jogadores brasileiros?

– Se a gestão da Comissão de Arbitragem investe tanto assim em tecnologia, por que o nosso VAR é incapaz de apontar objetivamente se uma bola ultrapassou ou não a linha de gol, como aconteceu no recente duelo entre Palmeiras e Bahia, pelo Brasileiro?

– Por que o atleta Zé Ivaldo, do Athletico-PR, não foi expulso ontem, após acertar uma cotovelada na nuca do atacante Endrick, em lance revisado pelo VAR?

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– Por que no jogo entre Palmeiras e São Paulo, pela Copa do Brasil de 2022, o VAR não traçou a linha de impedimento no lance que originou o gol do nosso adversário e que nos custou a eliminação? Por que a imagem da revisão desta jogada sumiu?

– Por que a Comissão de Arbitragem da CBF, presidida por Wilson Seneme, nunca pediu desculpas ao Palmeiras pelo erro grave cometido pelo VAR na Copa do Brasil do ano passado?

– Por que o Palmeiras, na rodada seguinte após a mais recente Data Fifa, não pôde contar com nenhum de seus três atletas convocados para a Seleção Brasileira?

A Sociedade Esportiva Palmeiras, ao longo dos anos, sempre se preocupou em construir uma relação de saudável parceria com a Confederação Brasileira de Futebol. Há cerca de três semanas, a presidente Leila Pereira esteve na sede da entidade, no Rio de Janeiro (RJ), para conversar com Wilson Seneme, de quem ouviu a promessa de melhorias imediatas na arbitragem.

Na semana seguinte, o vice-presidente da Comissão de Arbitragem, Emerson Carvalho, e o gerente técnico do VAR, Periclés Bassols, chegaram a realizar uma palestra para os profissionais do clube na Academia de Futebol, também com a presença da presidente Leila Pereira.

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Contudo, diante da nota oficial divulgada pela CBF e dos reiterados erros graves cometidos contra o Palmeiras, entendemos ser este o momento oportuno de demonstrar, em público, a nossa indignação. Não queremos ser beneficiados, mas exigimos que as regras sejam aplicadas com isonomia.

Confiamos na independência do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), evocado pela CBF, e temos convicção de que o órgão dará ao auxiliar João Martins o tratamento equilibrado que lhe compete.

 

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