Ana Paula critica liberação de jogadora trans no vôlei brasileiro
Ex-jogadora da seleção brasileira usou suas redes sociais para se posicionar contra a presença de Tifanny Abreu na Superliga feminina
A ex-jogadora de vôlei Ana Paula Henkel usou suas redes sociais para criticar a liberação de Tifanny Abreu para atuar na Superliga feminina, o que a torna a primeira transexual a atuar na elite do vôlei brasileiro. Segundo Ana Paula, apesar da autorização dada pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei), ela entende que diversas atletas se sentiram prejudicadas com a decisão.
“Muitas jogadoras não vão se pronunciar, com medo da injusta patrulha, mas a maioria não acha justo uma trans jogar com as mulheres. E não é. Corpo foi construído com testosterona durante toda a vida. Não é preconceito, é fisiologia. Por que não então uma seleção feminina só com trans? Imbatível”, escreveu a ex-atleta do Brasil nas Olimpíadas de Barcelona-1992 e Atlanta-1996 no vôlei, além de Atenas-2004 e Pequim-2008 no vôlei de praia.
O comentário de Ana Paula foi feito em cima do link da entrevista feita por VEJA com Tifanny Abreu, publicada no último sábado 16. Nela, a jogadora do Vôlei Bauru relembra todo o processo de tratamento hormonal e cirurgia de adequação sexual na sua transição para atleta trans. Ela comentou ainda sobre as polêmicas que seu caso despertou nas redes sociais, assim que sua contratação foi anunciada.
Em resposta a seus seguidores, Ana Paula relembrou que passou por “15 mil exames antidoping ao longo da minha vida para que eu não tivesse um único traço de testosterona”. E reforçou que não é contra a presença de Tiffany no mundo do vôlei, mas fora das quadras.
“Que ela seja bem-vinda e incluída como técnica, assistente, fisioterapeuta, preparadora física. Como atleta não é justo. A inclusão dela é a exclusão de mulheres que trabalharam para estar ali e não estarão por serem mais fracas fisicamente”, escreveu a ex-jogadora.
Polêmica no futebol da Austrália
Liberação de atletas trans, como é o caso de Tiffany Abreu pela FIVB está longe de ser uma unanimidade no esporte. Em outubro, a Liga Australiana de Futebol (AFL, na sigla em inglês) não permitiu que Hannah Mouncey, uma atleta transgênero de 27 anos, fosse inscrita no Draft, processo de seleção de jogadoras para a temporada de 2018. Para justificar a proibição, a liga alegou ter levado em consideração dados sobre força, resistência e vigor físico da atleta, além da natureza da competição.
Mouncey também é atleta de handebol e defendeu a seleção australiana masculina com seu nome de batismo, Callum. Com 1,90 metro e 100 quilos, ela iniciou a transição no fim de 2015. Em uma liga feminina de Camberra, marcou dezessete gols em oito partidas. Apesar do veto, a AFL abriu a possibilidade de Mouncey participar do próximo Draft.