Estonteante, a morena de 32 anos já foi eleita Miss Israel, representou o país no Miss Universo e serviu por dois anos às Forças de Defesa locais
Gal Gadot venceu centenas de candidatas e cinco finalistas para assumir o papel principal de Mulher-Maravilha, o primeiro filme protagonizado por uma super-heroína em doze anos. Apesar disso, sua escolha, anunciada em 2013, não foi inconteste. Foi preciso esperar pela estreia de Batman vs Superman: A Origem da Justiça, de Zack Snyder, três anos depois, para que os temores dos fãs de quadrinhos começassem a se dissipar. Efeito ainda mais poderoso tem o longa-metragem de Patty Jenkins, uma grande produção que se equilibra e brilha entre qualidades à primeira vista conflitantes e chega para organizar a bagunça do universo DC, resgatar a editora do fosso cinematográfico em que se afundava e consolidar a israelense no primeiro time de estrelas de Hollywood.
O reconhecimento que Gal Gadot começa a colher agora pode parecer natural, um destino óbvio como o desfecho de um filme de super-herói. Estonteante e talentosa, a morena de 32 anos estaria no lugar que é dela por direito. Mas a verdade é que a israelense traçou um longo percurso até aqui.
Nascida em abril de 1985 em Rosh HaAyin, uma cidade de cerca de 40 000 habitantes de Israel, Gal começou a trabalhar cedo como modelo, carreira que conciliou com os dois anos de serviço militar obrigatório ao deixar a escola.
Em Israel, servir às Forças de Defesa é indispensável para homens e mulheres. Apesar da privação da liberdade, a atriz, que chegou a ser treinadora de combate, defende a experiência. “Espero que nenhum país precise ter um exército. Mas em Israel servir às Forças Armadas é parte do que é ser israelense. Você precisa contribuir com o país. Você dá dois ou três anos da sua vida, abre mão da sua liberdade, e aprende disciplina e respeito”, disse à revista Glamour.
Além de disciplina, Gal guarda das Forças Armadas a memória de um escândalo. Em 2007, posou para a revista Maxim apenas de biquíni e camiseta junto a outras mulheres do exército israelense. A foto, que chocou militares mais conservadores, foi republicada no site do The New York Post e projetou, pela primeira vez, o rosto e o nome da israelense para o mundo.
Gal já não era, então, apenas uma modelo. Em 2004, aos 19 anos, ela foi eleita Miss Israel em uma competição que contou com performances de Fame, o hit de Irene Cara, por parte das candidatas. Gal entre elas, é claro, já dando provas da veia artística. A faixa de Miss Israel a levou à disputa do Miss Universo no ano seguinte, mas ali Gal não chegou à semifinal. Melhor assim, talvez. Não tão marcada pelo estigma de modelo, a israelense pôde iniciar carreira como atriz.
No mesmo ano em que inquietou militares ao posar de biquíni para uma revista, a atriz estrelou a série israelense Bubot, sobre intrigas e conspirações no mundo da moda, um meio que ela conhecia bem. A série teve uma única temporada. Também em 2007, Gal Gadot se tornou modelo de uma famosa marca de roupas do país.
Apesar da carreira de atriz e modelo decolar, a israelense decidiu voltar a estudar. Ela começou a cursar direito e, por isso, chegou a dizer não a um papel de Bond Girl em 007 – Quantum of Solace (2008), para o qual foi convidada pelo diretor de elenco do longa, que viu sua foto na parede da agência de modelos para a qual trabalhava e ficou impressionado com o fato de que ela sabia atirar – afinal, havia servido ao exército.
A decisão de priorizar os estudos não durou muito. Um ano depois, o mesmo diretor de elenco a procurou com o convite para atuar em Velozes e Furiosos 4, que viria a ser seu primeiro filme. Gal assumiu o papel de Gisele Harabo, uma integrante do grupo do mafioso Dominic Toretto, em quatro longas da franquia. O papel foi mais explorado nas sequências Velozes e Furiosos 5: Operação Rio e Velozes e Furiosos 6, em que Gal fez par romântico com o mafioso Han Lue, personagem de Han Seoul-Oh.
“Uma loucura. Eu sempre quis fazer uma mulher forte e independente. E agora sou a Mulher-Maravilha”, disse, aos risos, na entrevista à Glamour. E a sequência foi mais ou menos essa mesma: da franquia de Vin Diesel, a israelense encadeou filmes como Uma Noite Fora de Série, do diretor Shawn Levy em 2010, e Encontro Explosivo, dirigido por Patrick O’Neill, até receber o convite para ingressar no universo DC. A princípio, porém, não como Mulher-Maravilha. A atriz foi chamada para interpretar Faora, uma inimiga do Superman em O Homem de Aço, papel que recusou por estar no início da gravidez da primeira filha, Alma, do casamento com o empresário israelense Yaron Versano, com quem hoje tem também Maya, nascida em março deste ano.
Alma nasceu em novembro de 2011, e apenas um mês depois a mãe recebeu uma ligação do diretor Zack Snyder, com o resultado da bateria de testes a que a atriz havia se submetido na Warner, sem saber ao certo a que personagem concorria: Gal havia conquistado o papel de Mulher-Maravilha no DC-verso. O trabalho viria como um combo. A atriz participaria da sequência de Homem de Aço (2013), o decepcionante Batman vs Superman (2016), faria pelo menos dois filmes solo e estrelaria ainda Liga da Justiça, em cartaz no fim de 2017.