Uma prova com centenas de questões que exigem o máximo do intelecto, cinco horas e meia de duração em um dia e quatro horas e meia no outro, pode ser considerada uma maratona. E os estudantes do Enem precisam estar fisicamente preparados.
Uma das dúvidas mais comuns é que tipo de alimento levar para comer durante esse exame e também nos demais vestibulares. A nutricionista clínica e professora da FMU Renata Giudice de Oliveira Lewis indica as melhores opções de comidinhas e o que deve ser evitado.
O que levar
Os alimentos ideais são aqueles que oferecem uma boa densidade nutricional, ou seja, associam as calorias (a energia) com nutrientes essenciais, como proteínas, carboidratos integrais, gorduras saudáveis e, se possível, vitaminas e minerais.
Um exemplo que reúne essas características é a barrinha de castanhas. Ela contém uma boa densidade calórica, baixo índice glicêmico e gorduras que prolongam a sensação de saciedade, evitando aquela fome-rebote. “O baixo índice glicêmico evita picos de insulina e uma hipoglicemia reativa, que pode comprometer o desempenho do aluno”, diz a nutricionista, que lembra que essas barrinhas são diferentes das de cereais tradicionais, que podem conter bastante açúcar.
Chocolate com 70% de cacau ou mais é outra alternativa com essas características. Barras proteicas e um mix de castanhas e frutas secas como damasco, coco e cranberry também são opções ótimas.
O que evitar
Em primeiro lugar, jamais escolher alimentos que o aluno não costuma consumir. “Por exemplo, se a pessoa não está acostumada a ingerir amendoim ou snacks de soja, é melhor não fazer o teste durante o Enem. Esses alimentos podem ser alergênicos para alguns e é recomendável não correr o risco”, alerta Lewis.
Alimentos crus ou mal higienizados, como uma maçã comprada na rua, também podem ser catastróficos e causar intoxicações que podem tirar o candidato da prova. “Vale lembrar que a imunidade fica bastante alterada em situações estressantes e qualquer mudança na dieta pode ser arriscada”, explica a nutricionista. Ela instrui que, se for levar frutas, deve-se deixá-las de molho em hipoclorito de sódio por quinze minutos e lavá-las em água corrente em seguida.
Alimentos muito doces como sucos de caixinha, refrigerantes, balas e frutas de alto índice glicêmico (IG), como banana, uva, manga, melancia, abacaxi e sucos de laranja e uva devem ser evitados, pois o excesso de açúcar pode causar hipoglicemia reativa. “Após quinze minutos, o candidato pode ficar com sono e baixa concentração.”
O melhor caminho são frutas de baixo ou médio IG, como morango, ameixa, pêssego, kiwi, goiaba e mesmo maçã ou pera.
Vale também fugir dos alimentos muito salgados. O excesso de sódio pode causar necessidade de grande consumo de líquidos, o que pode aumentar a produção de urina e, consequentemente, as idas ao banheiro durante a prova.
Opte pela praticidade
Os piores alimentos sob o ponto de vista prático são os perecíveis como sanduíches com ricota, requeijão, manteiga, etc., principalmente se armazenados de forma incorreta.
Comidas de consistência cremosa ou com muito suco ou calda podem sujar mãos, roupas e, pior, a prova!
Café da manhã reforçado ou almoço leve?
É importante se alimentar antes da prova, por volta das 11h. Jejum não é recomendado. Não é preciso fazer uma refeição tradicional, mas deve-se ingerir calorias suficientes para dar conta das necessidades. Uma massa com frango desfiado e molho de tomate seria uma opção leve.
“Não recomendo a ingestão de feijões, leguminosas, antes da prova, pois são formadores de gases. Outros alimentos flatulentos são repolho, couve, acelga, brócolis e couve-flor”, comenta a nutricionista. Ela lembra ainda para evitar consumir carnes, peixes e ovos crus antes da prova para não correr riscos de contaminação.
Não esqueça de se hidratar
A hidratação nesse dia deve ser normal, de acordo com o que o candidato realiza habitualmente. Não é ocasião para aumentar o consumo de água ou reduzir para evitar idas ao banheiro. A desidratação pode comprometer o rendimento do candidato, provocando náuseas ou dor de cabeça.
Água de coco, de caixinha mesmo, é uma ótima opção para repor os minerais. Bebidas isotônicas, como Gatorade, contêm excesso de açúcar e sódio e não são recomendadas, assim como os refrigerantes.
Testar bebidas energéticas também é totalmente desaconselhável, pois pode ocasionar dor de cabeça devido à presença de cafeína.
Existem suplementos encontrados em farmácias, como o Glucerna, por exemplo, que fornecem carboidratos, proteínas, boa densidade calórica e baixo índice glicêmico.