Um modelo de acompanhamento integral de alunos no Ensino Fundamental aumentou significativamente a taxa de aprovação na cidade baiana de Pojuca, a 75 quilômetros de Salvador. Com foco na transição entre o 5º e o 6º ano, a força-tarefa que une professores, profissionais de saúde e de assistência social fez com que esse índice saltasse de 73,8% para 90,3% no município, em um período de quatro anos, de 2018 a 2022. No estado da Bahia, a média de promoção desses jovens é de 81,9%, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Para ter sucesso, foram desenvolvidas oito estratégias. Nessa lista, estão práticas de enturmação entre alunos do 5º e 6º ano para troca de experiência; inclusão de um professor no 5º ano para preparar as crianças para o regime de pluridocência (quando há docentes especialistas em cada área); criação de grupo com profissionais da educação para acompanhar o estudante durante seu percurso no 6º ano; reflexão sobre o acolhimento e desempenho dos novos alunos nos Anos Finais do Fundamental, além de outras ações.
A iniciativa implementada na cidade baiana já começa a se expandir para outros locais, como municípios de Alagoas, por exemplo. E foi transformada em formato de curso para professores e gestores de educação de todo o Brasil. A iniciativa “Apoio à transição para os Anos Finais” é oferecida gratuitamente pelo Polo, ambiente de formação do Itaú Social, certificada e tem carga horária de dez horas.
A professora Olívia Claro, coordenadora do projeto em Pojuca, explica que a ideia veio para tentar atenuar justamente as taxas de abandono, maiores nesses períodos de mudanças. “Surgiu a partir da constatação de que há um gargalo no fluxo educacional ao longo desse período de transição. Em especial, quando temos taxas mais altas de reprovação e abandono nos momentos de progressão do 5º ao 6º ano do Fundamental e 9º ano do Fundamental ao 1º ano do Ensino Médio”, afirma.
A transição do 5º para o 6º ano é vista como especial, porque o período costuma trazer, de maneira conjunta, diferentes transformações para as crianças, tanto pessoalmente, quanto no ambiente escolar.
“A transição do estudante para o 6º ano do Ensino Fundamental é marcada por uma série de modificações em sua rotina, como a troca de escola, o que, naturalmente, provoca sentimentos de incerteza e apreensão nos alunos. Outra transformação é na dinâmica escolar, que inclui a substituição de um professor de referência por diversos docentes de disciplinas distintas”, explica Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social, que completa. “Como se todas essas novidades não bastassem, ainda é preciso considerar que nesta etapa de formação as crianças enfrentam mudanças físicas, cognitivas e emocionais significativas e associadas à chegada na adolescência”.