Uma pesquisa realizada com mais de 1.800 pais e mães de alunos de escolas públicas e particulares mostra que as diferenças socioeconômicas não são um fator decisivo no que diz respeito a valores, competências e habilidades que devem ser desenvolvidas nas instituições de ensino.
Feito pelo Instituto Livre Pra Escolher, em parceria com a consultoria IDados, o levantamento comparou as respostas de dois grupos. O primeiro reúne famílias com renda mensal entre 5.001 e 10.001 reais e foi classificado como “alto”. Já o segundo é composto por famílias com rendimentos que variam entre 1.000 e 5.000, um nível socioeconômico considerado “baixo”.
As conclusões indicam que famílias menos privilegiadas são tão ambiciosas quanto as mais ricas e querem que seus filhos alcancem os mesmos objetivos. Entre as principais competências, estão aprender a trabalhar com pessoas diferentes em termos de raça, nível social e religião; adquirir bons hábitos de estudo; ter disciplina na hora de estudar e desenvolver habilidades sociais, como empatia, cooperação e respeito.
“Há uma percepção de todos os pais de que as relações que seus filhos cultivam na escola vão permitir ou impedir o futuro deles. Essas habilidades são importantes porque temos uma percepção de violência e prevalência de indisciplina no ambiente escolar”, diz Anamaria Camargo, presidente e diretora-executiva do Instituto Livre Pra Escolher.
Algumas diferenças sutis surgem quando se trata de definir o perfil da escola ideal. Pais e mães do nível socioeconômico “baixo” valorizam mais aspectos relacionados ao futuro profissional de seus filhos – ensino de uma profissão, aulas práticas para o mercado de trabalho – e às lacunas de aprendizagem do cotidiano acadêmico, como a oferta de aulas de reforço escolar e um bom ensino de matemática e português.
As famílias de perfil “alto” se mostram mais preocupadas com o ingresso do filho em uma universidade, valorizando ensino direcionado ao Enem e vestibulares e em metodologias mais atraentes, como ensino baseado em projetos e atividades extracurriculares.
“As diferenças não são tão significativas, os dois grupos buscam oportunidades no ensino superior e querem que os filhos continuem a aprender. Isso mostra que os pais enxergam a educação como algo que é fundamental e que vai fazer a diferença na vida dos filhos. Há um temor muito grande com a evasão escolar”, explica Anamaria.
A pesquisa foi feita no primeiro trimestre deste ano e ouviu pais e mães de estudantes da Educação Infantil e dos Ensinos Fundamental 1 e 2 e Médio.