Donald Trump está a menos de um mês na Casa Branca e não sai das manchetes dos jornais de todo o mundo por causa da polêmica gerada pelas medidas que toma. O estilo agressivo e direto do novo presidente americano, que não mede as palavras nas coletivas de imprensa ou no Twitter, contrasta com o do antecessor, Barack Obama, famoso pelos seus discursos em tom conciliador e pela imagem de político com apoio popular.
Se existe notável diferença para Obama, Trump pode ser comparado à ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, segundo artigos publicados nesta semana por colunistas da revista Forbes e da agência de notícias Bloomberg — ambas publicações voltadas à economia.
Para o jornalista Mac Margolis, que escreve sobre América Latina na Bloomberg, apesar das diferenças pessoais e da trajetória, a pouca habilidade política que faz um país se polarizar os aproxima, como também as propostas econômicas.
“Considere os traços compartilhados e as preferências e peculiaridades políticas, que agitaram o Brasil e poderiam anunciar problemas para qualquer democracia dividida. Críticas ao mercados? Check. Obsessão? Sim, senhor. Um desdém pela política convencional? Confere, de novo. Um apetite por fatos alternativos e imunidade à realidade fiscal? Check em dobro. Tomados em conjunto, esses traços oferecem uma receita para um desastre predito.”, escreveu Margolis na última quarta-feira.
O colunista diz que o aumento dos gastos públicos sem controle, isenções fiscais e protecionismo a setores empresariais desorganizaram a economia e, mais tarde, levaram ao impeachment de Dilma. Margolis indica que há semelhança com as posições defendidas por Trump, que prometeu 1 trilhão de dólares (3,10 trilhões de reais, quase a metade do PIB brasileiro em 2015) em investimentos em infraestrutura, reduzir impostos e tem ameaçado aumentar as taxas de importação para montadoras que produzam no exterior para vender aos Estados Unidos.
Já Kenneth Rapoza, articulista sobre mercados emergentes na Forbes, o que une ambos governantes é o fato de serem forasteiros do mundo político que alcançaram o comando através de uma agenda populista e, posteriormente, perderam o apoio até mesmo de congressistas de suas bases aliadas.
“Assim como o populismo de Trump é concentrado em uma porção geográfica, o populismo do Partido dos Trabalhadores (PT) também o foi. Era focado principalmente na porção nordeste do país. Eles redistribuíram renda através de programas de auxílio social e pelo aumento do salário mínimo em dois dígitos, ano após ano”, diz o texto de Rapoza publicado na última quinta-feira. Ele cita a promessa de Trump em proteger o emprego dos americanos de classe média através de restrições à entrada de imigrantes como exemplo dessa postura populista.