Depois de apoiar a ação orquestrada pelos Estados Unidos contra o Irã, que culminou na morte do general Qasem Suleimani, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira, 7, que manterá as relações comerciais com o país persa. “Temos comércio com o Irã e vamos continuar esse comércio”, disse o presidente ao deixar o Palácio da Alvorada. Ele ressaltou, porém, que conversará com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre a decisão do governo iraniano de convocar a representante brasileira no país, Maria Cristina Lopes, para indagar-lhe sobre o posicionamento oficial do Itamaraty quanto ao ataque americano. “Estou aguardando o que haverá após essa convocação aí. Nós repudiamos terrorismo em qualquer lugar do mundo e ponto final”, afirmou. O presidente afirmou ainda que o Irã não adotou represálias contra o Brasil, mas ponderou que o país precisa “ter a capacidade de se antecipar a problemas”.
Depois dos ataques, na sexta-feira 3 o Itamaraty divulgou uma nota em que manifesta apoio à “luta contra o flagelo do terrorismo”. A nota diz ainda que o país está “pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento”. No mesmo dia, questionado sobre a possibilidade pelo apresentador José Luiz Datena, da Bandeirantes, de o ataque aéreo dos Estados Unidos gerar um desdobramento militar maior, Bolsonaro afirmou que “é muito difícil falar que possa haver conflito maior entre esses países”. Na avaliação do presidente, “ninguém ganharia com isso, seria uma relação de perde-perde”. Bolsonaro também afirmou que uma retaliação iraniana seria uma “operação suicida”, mas ressaltou que “quem quer paz precisa se preparar para a guerra”.
O Brasil mantém relações econômicas positivas para o país com o Irã. A balança comercial entre Brasil e Irã é favorável ao país presidido por Bolsonaro, com saldo de 2,2 bilhões de dólares entre janeiro e novembro do ano. O país é um dos maiores compradores de insumos agrícolas produzidos pelo Brasil. Entre os principais produtos exportados pelos iranianos estão o milho, a soja e a carne bovina. O país foi o segundo maior comprador de milho brasileiro durante o ano passado, importando 5,1 milhões de toneladas, atrás apenas do Japão.