O CEO da Nissan, Hiroto Saikawa, renunciou ao cargo nesta segunda-feira, 9, segundo divulgou a montadora em comunicado. De acordo com a companhia, ele deixará a empresa efetivamente em 16 de setembro. Saikawa era o sucessor do franco-brasileiro-libanês Carlos Ghosn, preso em 2018 por atitudes ilícitas envolvendo a companhia — ele nega as acusações.
A saída vem na esteira de um novo escândalo que abala a fabricante japonesa. Na semana passada, Saikawa admitiu ter recebido pagamentos indevidos ligados à cotação das ações do grupo.
Segundo a Nissan, um novo nome deve assumir o comando da empresa até outubro. Enquanto isso, o atual diretor de operações, Yasuhiro Yamauchi, ficará à frente da montadora. Saikawa pediu perdão “pela perturbação provocada” e garantiu que vai devolver o dinheiro recebido indevidamente.
No comunicado, a companhia cita que a renúncia veio a pedido do conselho de diretores da empresa. Na semana passada, Saikawa admitiu ter recebido uma remuneração superior à que lhe correspondia. “Recebi uma retribuição sob uma forma que não corresponde às normas em vigor. Acreditava que era fruto de um procedimento correto”, declarou o CEO.
A confissão de Saikawa ocorreu após a publicação de uma série de artigos sobre investigações internas da Nissan, que revelam possíveis pagamentos irregulares que teriam beneficiado o CEO e outros executivos. Os pagamentos questionados foram realizados com base no mecanismo conhecido como “stock appreciation rights” (SAR)”, pelo qual os dirigentes podem receber um prêmio em dinheiro vinculado ao aumento do valor da ação do grupo durante um período definido.
O antecessor
Saikawa assumiu a Nissan no lugar de Carlos Ghosn, preso no final de 2018 por fraudes envolvendo sua atuação na companhia. Ghosn, de 65 anos, comandava a aliança Renault-Nissan e foi indiciado duas vezes por não declarar todos os rendimentos entre 2010 e 2018 nos documentos que a Nissan entregou às autoridades financeiras japonesas.
Ele também foi acusado por abuso de confiança, com a denúncia, entre outras coisas, de tentativas de fazer a companhia compensar as perdas em seus investimentos pessoais durante a crise financeira de 2008. Em 6 de março deste ano, Ghosn foi libertado, após 108 dias de detenção. Foi exigido o pagamento de fiança na casa do 1 bilhão de ienes (cerca de 35,1 milhões de reais).
Ele voltou a prisão no começo do abril, mas foi solto novamente, no mesmo mês, depois de pagar fiança fixada em 500 milhões de ienes (cerca de 4,46 milhões de dólares). Ghosn, no entanto, não pode deixar o Japão. Em agosto, sua mulher Carole Ghosn, disse estar impedida de vê-lo desde sua soltura e pediu ajuda ao governo brasileiro para resolver a situação.
(Com AFP)