A agência de classificação de risco Standard & Poor’s manteve nesta sexta-feira o rating do Brasil em “BB”, com perspectiva negativa, destacando que a economia brasileira terá crescimento lento nos próximos anos, depois da queda significativa no Produto Interno Bruto (PIB) real desde 2014.
A agência também ressaltou que continua esperando processo de ajuste prolongado, com lenta correção na política fiscal. Na projeção da S&P, a dívida líquida do Brasil deverá chegar a 67% do PIB em 2019, ante 52% em 2016.
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores internacionais na economia de determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores. As agências também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado financeiro, avaliando a capacidade de as companhias honrarem os compromissos.
Em setembro de 2015, a S&P retirou o grau de investimento do Brasil e concedeu perspectiva negativa, abrindo caminho para que a nota fosse reduzida novamente em fevereiro de 2016. Em dezembro de 2015, a Fitch reduziu a nota do Brasil para um nível abaixo da categoria de bom pagador. A Moody’s retirou o grau de investimento do Brasil em fevereiro de 2016, uma semana após o segundo rebaixamento pela S&P.
O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a dívida pública sobe à medida que a nota diminui.
“A perspectiva negativa reflete nossa visão de que há pelo menos uma probabilidade em três de que possamos rebaixar o rating do Brasil mais para o final do ano”, afirma o comunicando da S&P, destacando que a situação política do país permanece incerta e em risco, considerando o cenário de três anos de recessão econômica, aumento do desemprego, tensões sociais e a crise da dívida dos estados.
A S&P ressalta no texto que as delações premiadas feitas na Operação Lava Jato podem afetar o ambiente político e complicar a implementação de políticas econômicas pela equipe do presidente Michel Temer. “Enquanto o governo Temer e o Congresso avançaram em algumas legislações para reforçar a trajetória fiscal, considerando a combinação do estágio inicial das medidas e o tamanho do ajuste necessário, esperamos por evidências adicionais do progresso em estabilizar a economia e reduzir a incerteza política.”
Petrobras vai para “BB-“
A agência elevou de B+ para BB- o rating em escala global da Petrobras e de brBBB- para brA o rating nacional. O rating de perfil de crédito da empresa também foi elevado, de b- para bb-. A perspectiva é estável.
Em relatório, a S&P afirma que a Petrobras busca uma estratégia focada em acelerar a redução de sua dívida e fortalecer sua liquidez.
“Em nossa opinião, o estabelecimento da política de preços apoia a visibilidade de fluxos de caixa e uma estrutura de capital mais equilibrada. Ao mesmo tempo, embora observemos mudanças estruturais significativas na empresa e controles internos mais fortes, elas ainda estão em uma fase inicial, e atualmente a maior incerteza é sobre a capacidade da companhia de sustentar essas mudanças após possíveis mudanças na gestão e no governo”, pontuou a S&P.
(Com Estadão Conteúdo e EBC)