Apesar de considerar a proposta de reforma da Previdência do governo a mais adequada para ir à votação no Congresso, o presidente Jair Bolsonaro convocou os descontentes com o texto para apresentarem suas versões. Em discurso na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), nesta segunda-feira, 20, Bolsonaro desafiou os parlamentares a solucionarem a questão previdenciária.
“Se a Câmara e Senado têm propostas melhores que a nossa, que ponham em votação”, afirmou o presidente, sendo aplaudido pela plateia. “O que precisamos agora é a reforma da Previdência”, completou.
Bolsonaro disse ainda que falta dinheiro no governo federal e que, se a reforma da Previdência não for aprovada, em no máximo cinco anos não haverá recursos para pagamento de servidores na ativa. “Não podemos desenvolver muita coisa por falta de recursos, por isso precisamos da reforma da Previdência. Ela é salgada para alguns? Pode até ser, mas estamos combatendo privilégios. Não dá para continuar mais o Brasil com essa tremenda carga nas suas costas. Se não fizermos isso, em 2022, 2023, no máximo em 2024, vai faltar dinheiro para pagar quem está na ativa”, disse.
Após o evento, o porta-voz da Presidência, Otavio Rêgo Barros, reforçou a mensagem de Bolsonaro, que não falou com a imprensa. “A proposta que o presidente identifica como a melhor é aquela que ele já levou ao Congresso Nacional. Não obstante, ele se coloca, sim, parceiro neste processo de discussão e de avaliação para, juntos, Congresso e Poder Executivo, darmos um andamento àquilo que vai tirar o Brasil de um precipício que muito rapidamente se aproxima, conforme nosso ministro Paulo Guedes [Economia] já vocalizou em vários dos seus discursos”, afirmou o porta-voz.
Mais cedo, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, minimizou a intenção de parlamentares da Câmara de votar uma proposta alternativa à reforma da Previdência, com alterações profundas no texto original enviado pelo Executivo. Segundo ele, há a prerrogativa de o Parlamento fazer as alterações que julgar necessárias nos projetos e afirmou que o governo apoiará a aprovação de um relatório que mantenha a linha mestra da proposta original.
“É normal que uma proposta complexa seja discutida e que alterações sejam feitas. Mas é importante manter a potência fiscal do projeto”, afirmou Marinho, referindo-se ao impacto superior a 1 trilhão de reais nos próximas dez anos, como inicialmente calculado pela equipe econômica. “Mas achamos que o texto enviado pelo governo é o mais adequado”, completou.
Marinho disse estar trabalhando todos os dias com o relator, o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), e outros líderes na Câmara e afirmou considerar legítimas todas as propostas de mudanças no texto. Segundo ele, em todas as conversas, Moreira tem se mostrado disposto a preservar os pontos principais do texto e o impacto fiscal proposto.
(Com Estadão Conteúdo e Agência Brasil)