Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Reforma cria teto para imposto, mas há brecha para ‘trava’ não funcionar

Regulamentação aprovada pela Câmara criou um dispositivo que propõe limitar a alíquota máxima do novo sistema tributário em 26,5%

Por Juliana Elias Atualizado em 13 jul 2024, 13h48 - Publicado em 12 jul 2024, 08h53
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Entre mais uma série de mudanças embutidas na regulamentação da reforma tributária de última hora, uma das mais importantes, de acordo com especialistas e com o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foi o dispositivo que cria uma trava para que a alíquota do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA) a ser cobrado sobre bens e serviços no país não passe de 26,5%.

    Apesar de a medida ter sido bem avaliada, já que forçará os governos a reverem desonerações se necessário e torna mais difícil a tentativa de aumentos do imposto, alguns especialistas viram o dispositivo com desconfiança, já que, na maneira como ficou desenhado no projeto de lei, o cumprimento dessa trava não será obrigatório.

    “O diabo mora nos detalhes”, diz o economista especializado em contas públicas Murilo Viana. “O texto define que, se a alíquota passar de 26,5%, o Executivo terá que encaminhar um projeto de lei em 2031 propondo mudanças para a redução da alíquota. Mas não há nada que exige a aprovação dessa lei. O governo pode enviar o projeto, mas não tem nenhuma garantia de que vá ser aprovado.”

    A alíquota de 26,5% foi a taxa calculada pelo Ministério da Fazenda de quanto deveria ser o IVA dadas todas as exceções e isenções que o projeto já tinha recebido ao longo de sua tramitação no Congresso. Como, no entanto, novas exceções ainda foram incluídas ainda nos últimos momentos da votação na Câmara, poucos acreditam que será possível mantê-la nesse patamar.

    É o caso especialmente das carnes, que, após forte pressão de várias alas, foi incluída na cesta básica com imposto zero e, pelo peso que têm no consumo, podem, sozinhas, elevar a alíquota geral do IVA em cerca de 0,5 ponto, nos cálculos da própria Fazenda.

    Continua após a publicidade

    A reforma prevê um período de transição gradual, até 2033, dos impostos velhos para o novo, e a alíquota definitiva deverá ser definida até lá, a partir de cálculos que mantenham a mesma arrecadação atual e não promovam aumento de carga tributária. Em 2031, dever ser estimada a alíquota que passará a valer em 2033.

    A trava incluída no projeto aprovado pelos deputados determina que, caso essa conta passe dos 26,5%, o Poder Executivo deverá enviar um projeto de lei ao Congresso em 2031 sugerindo reduções nas desonerações previstas pelo próprio projeto, de maneira a manter a alíquota geral dentro deste teto.

    Medicamentos, profissionais autônomos, eventos e atividades imobiliárias são alguns dos diversos produtos e setores que acabaram recebendo tratamento especial na reforma, com reduções de 30% a 60% do IVA cheio, e que podem estar dentro dessa revisão.

    Continua após a publicidade

    “É uma trava que não é uma trava, na verdade. Ela dispara uma ordem para que o governo mande um projeto de lei reduzindo benefícios, mas esse projeto não é mandatório; o Congresso pode simplesmente arquivar e nunca votar”, diz o tributarista Eduardo Fleury, sócio do escritório FCR Law e um dos consultores na elaboração da reforma tributária no governo e no Congresso.

    O consultor tributário Luis Wulff, presidente do Tax Group, lembra, também, que não há nada que impeça as próximas formações de parlamentares da Câmara e do Senado, até 2031 ou mesmo depois, de apresentarem um novo projeto de lei que simplesmente substitua e mude essa alíquota de 26,5% para outra maior. “Ela foi definida definida por lei ordinária e, para mudar, é bem mais fácil do que uma emenda constitucional”, explica. “Veemente há margem, não há dúvidas de que pode ser mudada.”

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.