A disparada dos papeis do gigante de e-commerce chinês Alibaba nesta segunda-feira, 12, pode ser considerada apenas uma “sobrevida” da empresa após sofrer interferência do governo chinês. Isso porque, apesar das altas pontuais, os papeis estão muito desvalorizados quando comparados com o patamar no qual surfavam em outubro no ano passado.
Nesta segunda-feira, 12, as ações do Alibaba fecharam em alta de 6,51% nas bolsas de Hong Kong, a 232,20 dólares de Hong Kong (HKD). Nas bolsas de NY, elas encerraram em alta de 9,27%, a 244,01 dólares. Esta disparada surpreende por ocorrer em um dia em que as principais bolsas asiáticas amargaram perdas e, ainda mais, por ocorrer após as empresa sofrer uma multa antitruste de 1,8 bilhões de dólares pelo governo chinês.
Os motivos pelos quais os principais índices da Ásia caíram e os papeis do Alibaba subiram, no entanto, são bastante diversos. O Hong Kong Hang Seng Index encerrou em baixa de 0,86%, e o Shanghai Shenzhen CSI 300 Index em queda de 1,74% por conta do aumento do número de infectados pela Covid-19 em diversas regiões da Ásia, entre eles o Japão. Já os papeis do Alibaba sobem, em primeiro lugar, por estarem a “preço de banana” quando comparados ao auge da companhia. Além disso, foram a aposta de um dos principais investidores do mundo.
Enquanto hoje os papeis encerraram a 232,20 hong kong dollars (HKD) na bolsa de Hong Kong, no dia 28 de outubro eles valiam 307,40 HKD, 132.3% a mais. Já nas bolsas de NY, o valor na fatídica data era de 317,14 dólares, 130,4% a mais que o fechamento de hoje. No final de outubro, o mundo estava na expectativa pela compra dos papeis do Ant Group em sua abertura de capital, o braço financeiro do Alibaba. A empresa havia sido avaliado em mais de 300 bilhões de dólares e esperava levantar 34 bilhões de dólares com o IPO.
A empresa disparou ao convergir tecnologia de alta eficiência em um momento que a valiosa população de 1,4 bilhão de chineses visava fazer mais compras online. No entanto, desde que o empresário Jack Ma criticou publicamente o sistema financeiro concentrado e controlado pelo governo chinês, o magnata tem feito raras aparições públicas. Ainda assim, a alta de hoje mostra que, mesmo após uma multa antitruste e incertezas sobre a regulamentação do mercado chinês, os analistas acreditam no potencial de crescimento dos papeis no médio prazo.
Um deles é Charlie Munger, investidor bilionário americano, de 97 anos. Braço direito de Warren Buffett, ele divulgou recentemente uma posição de longo prazo nos papeis da Alibaba. Por meio da empresa de mídia Daily Journal, Munger, que é presidente do conselho, comprou 165 mil papeis do Alibaba a 27 milhões de dólares, e a chinesa passou a ocupar 19% das apostas do Daily Journal. Depois do Bank of America e do Wells Fargo, o Alibaba se tornou a terceira maior posição da empresa. Não à toa, o mercado segue alvoroçado para adquirir uma fatia da empresa a baixos preços, com a esperança de que Munger esteja vislumbrando um potencial no mercado financeiro chinês que poucos consigam ver.