O secretário de Tesouro do Ministério da Economia, Esteves Colnago, é um homem técnico. Ex-ministro de Michel Temer, o economista que foi responsável pela articulação política da pasta comandada pelo ministro Paulo Guedes destrinchava, nesta segunda-feira, 18, os detalhes do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, a PLDO, para 2023 — que define a estruturação dos gastos públicos para o ano que vem.
O texto foi enviado ao Congresso Nacional na semana passada. O texto prevê um espaço fiscal de 11,7 bilhões de reais para reajuste de servidores — e Colnago admitiu que os detalhes caberão “ao próximo presidente”. Atualmente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, lidera as pesquisas de intenção de voto, à frente do atual presidente, Jair Bolsonaro, do PL. Caberá, também, ao Congresso Nacional o desenho do direcionamento das despesas para o reajuste — e, consequentemente, da articulação política do mandatário eleito no pleito de outubro deste ano.
“Essa é uma decisão que ainda vai ser tomada. A decisão é de que se crie uma reserva, algo semelhante ao que temos neste ano, e a decisão vai ficar a cargo do presidente. É uma decisão que não foi tomada, de forma prudencial”, afirmou. “A ideia é que encaminhemos na LOA [Lei Orçamentária Anual] já uma reserva para que o próximo presidente tenha um pouco mais de tranquilidade na sua decisão”, diz.
Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes falam de reajuste geral para o funcionalismo, de 5% para todas as categorias, em detrimento da ideia original de conceder aumentos apenas a setores da segurança pública — base de apoio ao presidente —, depois que a aventada ideia causou rebuliço dentro de órgãos públicos. Servidores do Banco Central (BC), por exemplo, ainda estão em greve. Lula, líder nas pesquisas, ainda não deu declarações públicas sobre aumento aos funcionalismo, mas em novembro do ano passado se declarou contrário à PEC 32, da reforma administrativa, além de bradar contra privatizações de Eletrobras e Correios, utilizando os servidores como argumento.