A Faria Lima terá bastante informação para processar nesta terça. Logo mais às 9h, o IBGE divulga o PIB do primeiro trimestre. Apostas coletadas pelo jornal Valor Econômico indicam que a economia brasileira tenha crescido 0,7% no período entre janeiro e março deste ano, uma reaceleração quando comparado com o final do ano passado.
Os motivos por trás da possível retomada são a expansão de gastos, incluindo aqui o pagamento represado dos precatórios, que injetou dinheiro na economia, a solidez do mercado de trabalho e a colheita da safra de verão, especialmente a soja.
Dados de PIB são em geral complexos para investidores porque refletem um passado quase remoto, quando comparado com o frenesi e o imediatismo da bolsa de valores. Ainda assim, trazem elementos importantes para recalibrar as apostas sobre o futuro, com base num retrato mais fidedigno do estado geral da economia brasileira.
Nos anos recentes, economistas subestimaram o desempenho da economia e precisaram rever suas projeções para cima. A dúvida, agora, é se esse cenário melhor que o esperado continuará, ainda mais depois da desvastação do Rio Grande do Sul, que segue sofrendo com chuvas. O aeroporto de Porto Alegre, o principal do estado, não deve reabrir neste ano.
Para além o PIB, o governo divulga hoje as medidas de compensação da desoneração da folha de pagamento e um novo texto da regulamentação da reforma tributária. São dois dados importantes no esforço de prever o futuro da economia brasileira daqui para frente, especialmente quando se trata de sustentabilidade fiscal.
E faz toda diferença para a Faria Lima. O Ibovespa foi esmagado pelo combo de manutenção dos juros altos nos Estados Unidos e receio de que a maior leniência fiscal leve a um aumento da inflação e menor redução de juros por aqui. O Boletim Focus do BC agora aponta apenas mais uma redução da Selic, que manteria o patamar de dois dígitos, a 10,25% ao ano.
O EWZ começa a manhã afundando 0,95%, indicando um dia difícil para o Ibov. Mas não é só ele. Os mercados financeiros globais amanheceram afundados em pessimismo. O futuros em Nova York recuam, assim como as bolsas europeias. O petróleo despenca quase 2% e é negociado abaixo dos US$ 80 pela primeira vez desde fevereiro.
Nos EUA, ocorre uma espécie de confusão entre o que é pessimismo e falta de otimismo. Após as bolsas terem saltado a recordes, o mercado financeiro tem dificuldades de enxergar espaço para novas subidas, dado que o crescimento econômico já foi incorporado aos preços. Aí aquilo que é notícia boa vira algo ruim. Nesta terça, saem os dados do Jolts, o relatório que mostra o número de vagas abertas na economia americana.
E há ainda uma mudança de ânimos também na Europa. Por lá, investidores dão como quase certo o primeiro corte de juros, na reunião da quinta-feira do Banco Central Europeu. No entanto, houve uma mudança de apostas na continuidade de cortes, justamente porque a economia do bloco está mais sólida do que se espera. Daí as bolsas em queda.
Agenda do dia
9h: IBGE divulga PIB do 1TRI
10h: Fazenda anuncia medidas compensatórias da desoneração da folha
10h: BC publica box do Relatório de Economia Bancária de 2023
11h: EUA/Deptº do Trabalho publica relatório de abertura de vagas (Jolts) de abril
11h: EUA/Dept°. do Comércio divulga encomendas à indústria de abril
12h30: Appy detalha 2º projeto de regulamentação da reforma tributária
15h30: Secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, testemunha no Senado sobre orçamento do ano fiscal de 2025
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