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PIB avança 7,7% no 3º tri e confirma o caminho de recuperação da economia

Retomada das atividades somada à força da injeção direta de dinheiro do auxílio emergencial apontam retomada; na comparação com 2019, recuo é de 3,9%

Por Larissa Quintino Atualizado em 3 mar 2021, 15h15 - Publicado em 3 dez 2020, 09h03
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  • A conta da pandemia do novo coronavírus ficou cara para o Brasil no segundo trimestre. Com as medidas necessárias para conter o contágio do novo coronavírus, as atividades praticamente pararam, assim, houve queda recorde na economia. Com a gradual flexibilização e o retorno das atividades, o jogo virou no terceiro trimestre. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 3, o Produto Interno Bruto (PIB) reagiu bem entre julho, agosto e setembro, com alta de 7,7%, a maior da série histórica. O resultado confirma o que era indicado por dados preliminares dos setores e esperado por governo, que projetava alta de 8% para o período, mas veio abaixo das estimativas dos economistas, que esperavam alta acima dos 9%.

    O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos dentro do país, e serve para medir o comportamento da atividade econômica. Em valores correntes, acumulou 1,891 trilhão de reais de julho a setembro. No segundo trimestre, a economia havia encolhido 9,6%, já vinda de queda de 1,5% no primeiro trimestre. O resultado divulgado nessa quinta-feira ainda é insuficiente para recuperar as perdas provocadas pela pandemia. Com o resultado, a economia do país se encontra no mesmo patamar de 2017, com uma perda acumulada de 5% de janeiro a setembro, em relação ao mesmo período de 2019.

    “Crescemos sobre uma base muito baixa, quando estávamos no auge da pandemia, o segundo trimestre. Houve uma recuperação no terceiro contra o segundo trimestre, mas, se olharmos a taxa interanual, a queda é de 3,9% e no acumulado do ano ainda estamos caindo, tanto a indústria quanto os serviços”, destaca a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

    Apesar do crescimento ser em cima de uma base deprimida, isso não tira os bons sinais de recuperação. Além da flexibilização das medidas de distanciamento social em estados e municípios, que seguem planos de retomada gradual, a reação no terceiro trimestre está diretamente ligada ao auxílio emergencial. O programa, que pagou cinco parcelas de 600 reais a trabalhadores informais (e atualmente paga um complemento de 300 reais), injetou dinheiro de forma direta na economia, aumentando o consumo das famílias, que cresceu 7,6%, após recuo de 11,3% no período anterior. Essa variável afetou diretamente, sob a ótica da demanda, a atividade industrial e, em menor nível, foi sentida no setor de serviços, principalmente pelo aumento das vendas no comércio. Segundo os dados do IBGE, a indústria cresceu 14,8% e os serviços cresceram 6,3%, enquanto a agropecuária ficou em -0,5%.

    “Olhando pela ótica produtiva, o destaque foi a indústria de transformação, até pelo fato de ter caído bastante no segundo trimestre (-19,1%), com as restrições de funcionamento. A indústria cresceu como um todo 14,8%, e a de transformação, 23,7%, mas voltamos ao patamar do primeiro trimestre”, analisa Palis.

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    Outro fator que ajudou na recuperação trimestral foram a volta dos investimentos, pausados durante a fase mais aguda da pandemia. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu 11%, o que indica uma volta da confiança. Apesar de positivo, o dado deve ser visto com a ressalva da base de comparação, muito deprimida no trimestre anterior. “No acumulado do ano, a queda é de 5,5%. E o país ainda tem investimento em equipamentos importados e, como o dólar está alto, influencia para baixo”, diz Rebeca.

    As quedas acentuadas no primeiro semestre do ano devem levar a um resultado negativo do PIB do Brasil, mesmo com a alta recorde do 3º trimestre divulgada nesta quinta. A estimativa tanto do governo quanto do mercado financeiro é de uma baixa de 4,5% no ano. O grau da queda como um todo mostra a importância de seguir o caminho de austeridade de gastos no pós-pandemia e foco na geração de empregos para que haja uma retomada sustentável. No momento, o clima é de incerteza, já que não se se aprovou o orçamento para o próximo ano e as reformas estruturais, tão importantes, seguem a passos lentos. “O governo ainda não definiu o que vai fazer com o auxílio emergencial. Não há perspectiva para a votação do orçamento. Inclusive, essa incerteza contribui para que a economia não se recupere intensamente”, afirma Alexandre Manoel, ex-secretário do Ministério da Economia e economista do Ipea. O caminho para reconstrução, que vem ocorrendo, é longo, mas não deve ser abandonado.

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