Os brasileiros terão de lidar com mais um reajuste de preços a partir de 1° de maio. Após passarem por apuros com os alimentos, os planos de saúde, os combustíveis e, mais recentemente, com a inflação dos medicamentos, aqueles que precisam comprar gás natural terão de fazer as contas e realinhar o orçamento nas próximas semanas. A Petrobras anunciou nesta segunda-feira, 5, que o preço do produto para as distribuidoras vai subir 39% em reais por metros cúbicos (R$/m³), enquanto o aumento na cotação em dólar por bilhão de BTU (US$/MMBtu) será de 32%, na comparação com o trimestre encerrado em dezembro.
O reajuste é percentualmente expressivo porque ocorre trimestralmente, ou seja, apenas de três em três meses. A alta reflete a subida de preços já observada em outros combustíveis, como a gasolina e o diesel. No acumulado do ano, a gasolina registra alta de 40,76%, enquanto o diesel, de 36,14%. A Petrobras relaciona o reajuste do gás natural com o aumento do preço do petróleo — que subiu 38% de janeiro a março –, e aos custos com transporte, calculados pelo IGP-M, que cresceram 31% no período, segundo a companhia.
A Petrobras ainda informou que o preço final para o consumidor depende de outras variáveis, como as margens das distribuidoras e dos postos de revenda, além dos tributos federais e estaduais.
As restrições na produção mundial de petróleo impostas pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) explicam muito os reajustes neste primeiro trimestre do ano, uma vez que, com menos petróleo no mercado, a tendência era de que os custos subissem. A entidade justificou os cortes pela baixa demanda mundial, em função da segunda onda de Covid-19. Todavia, mesmo com o relaxamento gradual dessas medidas entre os meses de maio e julho, anunciado pela companhia na última quinta-feira, 1°, os preços não devem baixar significativamente. “Não acredito que seja decisivo para o preço final porque o afrouxamento é gradual e lento”, analisa Thadeu Silva, chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone.
A retomada da produção da commodity acontece num período em que naturalmente a demanda por petróleo dispara do Hemisfério Norte, em vista que o fim do inverno estimula a mobilidade urbana. Para se ter uma ideia, os dados semanais de consumo de derivados de petróleo nos Estados Unidos mostram que a semana passada foi a melhor para o segmento desde março de 2020, quando a pandemia do novo coronavírus eclodiu por lá. Os números foram divulgados pela Agência Americana de Informação sobre Energia (EIA, sigla em inglês).
Outro fator que explica a demanda maior pelo produto, e, consequentemente, o fato de que os preços não devem baixar tão cedo, é a vacinação em massa da população contra a doença, que incentiva os americanos a se locomoverem pelo país. “Não prevejo uma mudança radical no cenário dos combustíveis nos próximos meses”, pontua Silva. Diante dessas variáveis, os preços da gasolina, do diesel e do gás natural devem se manter nos atuais patamares por um bom tempo.