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Pela 1ª vez, 1% tem mais da metade da riqueza mundial, diz Oxfam

Parcela mais rica da população concentra 50,1% do patrimônio mundial, diz instituição; redistribuição ruim e mudanças no trabalho pressionam desigualdade

Por Felipe Machado Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 jan 2018, 11h48 - Publicado em 22 jan 2018, 07h00
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  • A concentração de riqueza nas mãos do grupo 1% mais rico da população chegou a 50,1% segundo cálculo da Oxfam. É a primeira vez que essa parcela fica com mais da metade do patrimônio mundial desde 2000. O levantamento da instituição divulgado nesta segunda aponta que, no último ano, os mais ricos concentraram mais patrimônio que os mais pobres, aumentando a desigualdade.

    Segundo a Oxfam, o total de patrimônio no mundo aumentou em 9,264 trilhões de dólares (29,698 trilhões de reais), já descontada a inflação, entre o 1º trimestre de 2016  e o mesmo período de 2017. O valor equivale a mais de quatro vezes o que a economia do Brasil produziu em 2016.

    E a maior parte desse crescimento (82%) ficou com a parcela 1% mais rica. Dessa forma, o total de riqueza pertencente a esse grupo passou de 49% para 50,1% do total. O número de bilionários também subiu, para 2.043 – destes, 43 no Brasil. A metade mais pobre da população não teve aumento de patrimônio no período, e os 49% intermediários dividiram o restante.

    No país, o patrimônio somado dos bilionários brasileiros chegou a 549 bilhões de dólares (1,754 trilhão de reais), num crescimento de 13% em relação ao ano anterior. Ao mesmo tempo, os 50% mais pobres do país viram sua fatia da renda nacional cair de 2,7% para 2%.

    Segundo o coordenador de campanha da Oxfam Brasil,  Rafael Georges, entre os fatores que explicam esse desequilíbrio no mundo estão a falta de mecanismos para redistribuição de renda e patrimônio – como heranças – e precarização no emprego. Isso porque a maioria da população mais pobre depende unicamente dos rendimentos do seu trabalho.

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    Pressões

    A leitura é de que a onda de reformas trabalhistas em diversos países após a crise econômica de 2008 trouxe mais prejuízos que benefícios em relação ao rendimento dos trabalhadores. “Hoje em dia, as empresas trabalham muito com cadeias de produção próprias, elas terceirizam. Isso faz com que chegue menos valor na mão dos trabalhadores”, analisa Georges.

    Outro fator, na sua leitura, é a pressão em empresas, sobretudo de capital aberto, para que distribuam cada vez mais lucros aos acionistas. Isso faz com que sejam oferecidos salários menores aos empregados. Segundo o coordenador, diminuir a desigualdade nos pagamentos é interessante para as próprias empresas, pois beneficia também a economia. “Nós propomos que a diferença entre a média dos maiores salários e os menores não seja maior que 20 vezes. Existem empresas em que esse número é de 300 vezes”, diz.

    Política

    A Oxfam vai apresentar as conclusões do estudo no Fórum Econômico Mundial, que começa na terça-feira em Davos, na Suíça. A intenção é fazer com que o tema da desigualdade seja debatido entre líderes de governos e grandes empresas. O levantamento usa dados do banco Credit Suisse, que faz estudo sobre dados divulgados pelos países, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), do IBGE.

    Sobre a crítica que os dados do Credit Suisse têm distorção porque consideram a dívida que as pessoas têm, Georges diz que é uma escolha metodológica. O coordenador considera que há relação entre patrimônio e dívida, e que os dados refletem a realidade que se vê nas ruas. “A maior parte dos endividados no mundo faz parte da metade mais pobre. São pessoas que levam quase uma vida inteira para pagar o primeiro imóvel”, diz.

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