A procura por automóveis e comerciais leves no Brasil foi tão alta nos últimos três meses que derrubou os estoques das concessionárias e colocou muitos consumidores na lista de espera por alguns modelos. De acordo com o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti, os estoques das lojas chegaram ao equivalente a 15 dias de vendas, quando o ideal é em torno de 21 dias. O mês passado, com 405.518 veículos leves emplacados, foi o melhor da história do setor automotivo brasileiro.
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Para Meneghetti, o abastecimento das concessionárias foi prejudicado pelo forte aumento das vendas, que foram estimuladas pela desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) antes prevista para terminar em 31 de agosto. Ele afirmou que os estoques equivaliam em maio a cerca de 43 dias – o auge da crise do setor.
Também afetou os estoques das concessionárias a redução do volume de veículos importados do México por conta de uma renegociação entre os governos dos dois países. O presidente da Fenabrave disse esperar que neste mês os estoques retornem ao nível ideal. “Agosto foi um ponto fora da curva que provocou abalos no abastecimento”, afirmou o executivo.
Meneghetti destacou como um dos motivos para o aumento das vendas nos últimos três meses, além do IPI reduzido, as medidas para destravar o crédito na compra de automóveis. De acordo com ele, meses atrás estavam sendo aprovados 40% dos pedidos de financiamento de veículos, mas este patamar subiu, no final de agosto, para algo entre 55% e 60%. “À medida que o quadro de inadimplência se reverte, veremos maiores níveis de concessão de crédito para veículo.”
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O presidente da Fenabrave também elogiou a queda nas taxas de juros estimulada pelos bancos públicos. “Foi positiva a ação dos bancos oficiais para o retorno do financiamento”, disse. Segundo ele, medidas do governo para desonerar o crédito automotivo fizeram que o valor das parcelas do financiamento caíssem 14%. “Por conta disso, um monte de famílias conseguiu encaixar essa parcela no orçamento, o que aqueceu o mercado.”
O aumento no número de pedidos de crédito aprovados, porém, ainda não é observado no segmento de motocicletas. A Fenabrave informou que apenas 15% dos pedidos são aprovados atualmente e que o mercado de motos depende fundamentalmente de crédito.
De acordo com Meneghetti, a restrição ao financiamento já levou montadoras do setor na Zona Franca de Manaus a demitir 2 mil trabalhadores neste ano. O cenário levou a Fenabrave a estimar uma queda de 12% nos emplacamentos de motocicletas ao final de 2012 em relação ao ano passado. “Temos pedido ao governo a liberação de compulsórios para que abra um espaço específico para financiamento de motos e veículos usados.”
(com Agência Estado)