Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

“Pacto com o diabo”: Ministros defendem legalização de jogos de azar

"O cara entra, deixa grana lá que ele ganhou anteontem. Ele deixa aquilo lá, bebe, sai feliz da vida", disse o ministro da Economia, Paulo Guedes

Por Victor Irajá Atualizado em 22 Maio 2020, 21h22 - Publicado em 22 Maio 2020, 19h59
  • Seguir materia Seguindo materia
  • A reunião ministerial de 22 de abril, publicizada por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), trouxe à tona uma discussão entre membros do Governo Federal sobre a legalização de jogos de azar no Brasil. “O Ministério do Turismo agora tem que ter um planejamento, um plano de atração de investimentos, que é o que gera emprego, renda, é o que ajuda, obviamente, a economia do Brasil. E para isso, presidente, eu acredito que o momento propício nesse planejamento da retomada, discutir os resorts integrados”, defendeu o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.  Não é legalização de jogos, não é bingo, não é caça-níquel. São resorts integrados. Obviamente, presidente, uma pauta que precisa de ser construída”, disse ele, antes de dizer que a ministra da Família e Direitos Humanos, Damares Alves, parecia não aprovar a ideia. “A Damares está olhando com cara feia pra mim”, brincou.

    Publicidade

    Segundo ele, o assunto precisa ser articulado no Congresso Nacional para desmistificá-lo. “Trata-se de uma pauta que precisa de ser construída com as bancadas da Câmara, tanto a evangélica, quanto a católica, mostrando ou desmistificando vários mitos que giram em torno disso. Não sei se o ministro Paulo Guedes concorda”, afirmou. Segundo ele, a aprovação dos ‘resorts integrados” tem possibilidade de atrair pelo menos 40 bilhões de dólares pro Brasil em investimentos imediatos. “O que precisa ser feito, presidente, é realmente desmistificar a questão de evasão de divisas, de lavagem de dinheiro, de tráfico de drogas”, defendeu. “Mas obviamente, presidente, uma pauta que só levaríamos para a frente se a gente conseguir é pacificar, ou nos fazer entender pelas bancada evangélica, pela bancada católica, pra que não haja uma distorção na comunicação disso”, disse ele.

    Publicidade

    Evangélica, Damares reagiu: “Pacto com o diabo”. “Não. Não é bem isso não, né? Vou ter que começar a desmistificar para a Damares aqui”, brincou Marcelo Álvaro. O ministro da Economia, Paulo Guedes, corroborou com o discurso do ministro do Turismo. Tem problema nenhum. São bilionários, são milionários. Executivo do mundo inteiro. O cara vem, fazem convenções. Olha, o turismo saiu de cinco milhões em Cingapura para trinta milhões por ano. O Brasil recebe seis”, defendeu Guedes, referindo-se ao número de turistas.

    Publicidade
    Continua após a publicidade

    “O sonho do presidente de transformar o Rio de Janeiro em Cancún lá, Angra dos Reis em Cancún . Aquilo ali pode virar Cancún rápido. Entendeu?”, continuou Guedes. “É só maior de idade. O cara entra, deixa grana lá que ele ganhou anteontem. Ele deixa aquilo lá, bebe, sai feliz da vida”, afirmou ele. “Deixa cada um se foder”, dirigiu-se à ministra Damares. “O presidente, o presidente fala em liberdade. Deixa cada um se foder do jeito que quiser, principalmente se o cara é maior, vacinado e bilionário. Deixa o cara se foder, pô”, continuou. “Lá não entra nenhum brasileirinho desprotegido”, encerrou.

    Como mostra VEJA em edição de maio, uma frente parlamentar empunha a bandeira da legalização dos jogos de azar, e a família Bolsonaro demonstra simpatia pela ideia, que enfrenta a resistência, entre outros, da bancada evangélica, uma das principais bases de apoio do presidente. Há projetos prontos para votação no Congresso destinados a autorizar tais atividades. No momento em que a pandemia do novo coronavírus acomete a economia, esse cenário, o lobby pela legalização dos jogos ganha força. Os números apresentados pelo setor dão conta de mais de 20 bilhões de reais em arrecadação, sem contar outros 7 bilhões de reais que entrariam para os cofres públicos com outorgas, concessões e licenças. Sem contar com os 1,3 milhão de empregos diretos e indiretos criados a partir da mudança na legislação.

    Publicidade
    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Domine o fato. Confie na fonte.

    10 grandes marcas em uma única assinatura digital

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo
    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 2,00/semana*

    ou
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de R$ 39,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.