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O impacto do ICMS menor dos combustíveis no varejo brasileiro

Pesquisa do varejo mostra que brasileiro está enchendo tanque, mas a cesta de compra continua vazia; das oito categorias, apenas combustíveis teve alta

Por Luana Zanobia Atualizado em 15 set 2022, 13h51 - Publicado em 15 set 2022, 11h57
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  • O comércio varejista brasileiro recuou 0,8% em julho. Essa é a terceira queda consecutiva nos dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE, divulgada na quarta-feira, 14, e o maior tombo para o mês em quatro anos.  Das oito categorias pesquisadas, sete registraram queda. O único destaque positivo foi combustíveis e lubrificantes, com alta de 12,2%. O resultado vem de encontro com as medidas adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) que teve como uma das principais metas deste ano a redução do preço dos combustíveis.

    A redução do ICMS sobre gasolina e etanol, apesar de desacelerar a deflação, beneficia a população de classe média alta, que tem carro e consome mais combustíveis. Enquanto isso, a cesta de compras do restante da população continua vazia e bastante impactada pela dupla de inflação e juros altos, e o resultado é visto também no desempenho comercial de julho com queda generalizada das outras categorias do comércio varejista. Segundo Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o desempenho ruim do comércio denota a dificuldade de acesso ao crédito motivado pelo alto endividamento das famílias, podendo refletir também em parte da antecipação do consumo vivido ao longo dos últimos anos, e a perda de poder de compra devido ao avanço inflacionário.

    A categoria de Tecidos, Vestuários e Calçados teve o maior tombo, de 17,1%, com grande influência na queda do índice. O setor de Móveis e Eletrodomésticos também sofreu uma queda significativa, de 3%, refletindo a atual política monetária promovida pelo Banco Central para o controle inflacionário. “Os dados sugerem que a atividade está ainda frágil e, não fosse o esforço fiscal em derrubar a gasolina, o resultado poderia ter sido ainda pior”, diz André Perfeito, economista-chefe da Necton.

    O apelo para o fim do ciclo de alta da Selic aumenta no mercado após a divulgação dos dados. “Por mais que pese a reprecificação dos juros nos Estados Unidos, a atividade doméstica melhora na margem, mas sobre uma base baixa, logo não faz sentido, em tese, desacelerar ainda mais a atividade econômica com vistas a controlar os preços”, diz Perfeito. Com o arrefecimento da inflação, com o IPCA voltando ao patamar de um dígito no acumulado de doze meses, em 8,75%, a expectativa do mercado é que o Banco Central encaminhe a Selic para a faixa terminal na próxima reunião. Caso contrário, as projeções otimistas para o PIB podem ser revistas.

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