Fazer reformas estruturais em um país é tão necessário quanto difícil, de acordo com o ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, que comandou o Reino Unido, pelo Partido Trabalhista, de 1997 a 2007. “Nenhuma das reformas que fiz, e foram várias, me deixou mais popular; reformas são sempre difíceis”, disse Blair, que, durante seus mandatos, chefiou reformas na educação, na saúde e em direitos trabalhistas, e que falou a empresário brasileiros na manhã desta segunda-feira, 25, no evento Global Voices, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em São Paulo.
“Quando eu fui eleito a primeira vez, eu tinha a impressão que, se eu tomasse uma decisão, a partir do posto mais importante do país, alguma aconteceria, mas, depois de um tempo, eu percebi que nada acontecia”, conta. “No segundo mandato, então, eu foquei na capacidade executiva e na implementação. Eu conversava com o meu gabinete e com os políticas e dizia que era necessário pensar não como um político, mas como um pai, por exemplo. Qual educação você quer para o seu filho? Ou como um paciente, em uma reforma difícil como a do sistema de saúde. Pense como as pessoas, não como políticos.”
É uma visão que, de acordo com ele, deve “colocar a política pública em primeiro lugar, e a política em segundo”. “O problema da política é que a política sempre está no meio do caminho das decisões”, disse. “Então coloque a política pública em primeiro lugar, pense antes em qual é a resposta certa e a melhor solução, e depois ajuste a política em torno da melhor solução.”
Blair lançou em setembro seu novo livro “On Leadership – Lessos for 21st century” (“Sobre lideração – lições para o século 21”), em que discute os atributos que o líder público deve ter na gestão de um país.
“A tecnologia é a resposta”
À frente do Instituto para a Mudança Global, instituo que fundou após deixar o governo com o objetivo de dar suporte a governantes mundo afora na implementação de políticas públicas, Tony Blair é um entusiasta das novas tecnologias. “Elas assustadoras, mas eu acredito que o que foi inventado pelo conhecimento humano não será destruído pela ansiedade humana”, disse. “A tecnologia é a resposta para a melhora da produtividade, não só no setor privado mas, também, no setor público”, disse, mencionando tecnologias como a inteligência artificial.
“Na saúde, por exemplo, poderemos migrar de um sistema de tratamento para um sistema de prevenção. Será possível fazer diagnósticos de diversos cânceres com um simples teste de sangue. A tecnologia de reconhecimento facial tem potencial de reduzir os crimes enormemente. Há soluções muito promissoras”, disse.