Profissionais que dependem de combustível para trabalhar estão rodando a cidade de São Paulo para abastecer o carro. Algumas pessoas procuraram gasolina em até 15 postos diferentes. Outros, aguardam horas na fila. No posto Dinâmico, localizado na rua Heitor Penteado, no Sumaré (zona oeste), os motoristas esperavam mais de três horas para ser atendidos. Quem conseguia chegar à bomba, só podia levar 20 litros.
O motoboy Thiago Santos disse que o preço do álcool ‘caríssimo’ – 2,69 reais o litro -, mas precisava de combustível para trabalhar. “Independentemente do preço, tenho que abastecer. Meu trabalho depende do combustível”.
Santos contou que precisou procurar combustível em outros 15 postos até encontrar hoje. “Coloquei querosene para vir até aqui. Estou com uma garrafa de álcool de cozinha na mochila. Funciona mal, mas funciona”, ponderou.
Ele estava na fila há 3 horas e meia. “Vou tentar abastecer para trabalhar até quarta-feira, já perdi uns 1.200 reais por ficar sem combustível”. Apesar do prejuízo, Santos afirmou ser a favor da greve.
O taxista Antonio Baldoino entrou na fila às 9h34. Três horas mais tarde, ainda não havia conseguido abastecer seu veículo. “Vou ficar preocupado se a situação não se normalizar, 20 litros não dá pra nada, o tanque do meu carro é de 65 litros”, disse ele.
Enquanto esperava sua vez, Baldoino manteve o motor do carro desligado. No sábado, ele ficou duas horas na fila de outro posto de gasolina, mas não conseguiu abastecer. “Sou a favor da greve, todos nós estamos sofrendo. Mas é por uma boa causa”.
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O também motoboy Éricson Gomes afirmou que desde o início da greve o preço do álcool praticamente dobrou. “É muito absurdo. Antes, eu pagava 2,50 reais no litro.”
Ele estava na fila há 3h, mas sem garantia de que conseguiria o combustível. “Já procurei em uns 15 postos de gasolina. Desde quinta-feira não consigo abastecer”.
Gomes se disse a favor da greve dos caminhoneiros. “Mas quero que baixe o preço de todos os combustíveis”.
O motorista de aplicativo Paulo Roberto evitou trabalhar neste fim de semana para economizar gasolina. “Procurei bastante, mas vi que tinha muita fila. Hoje eu tive que encarar, estou aqui há 3 horas”, contou.
Segundo Roberto, até encontrar combustível, ele visitou 10 postos de gasolina. “Não sei nem se vou trabalhar depois de abastecer, tenho medo de ficar na rua”, disse ele. “Não sou a favor dessa greve, acho que tudo tem limite, agora está virando uma coisa política”.
O promotor de vendas José Adailton estava na fila há 3h20 e próximo de ser atendido. “Quando cheguei aqui, imaginei que não ia conseguir abastecer”, contou. “Vou conseguir trabalhar uns três ou quatro dias”.
Além do combustível, Adailton sentiu os efeitos do desabastecimento ao fazer compras. “Sou a favor da greve, mas por outro lado atrapalha um pouco. Fui no supermercado no domingo e estava faltando muita coisa. Procurei bolacha e arroz e não encontrei”.
O corretor de seguros Rogério Mendes escutou na televisão que o posto estava abastecido e por isso decidiu enfrentar a fila de 1 quilômetro.
“Consegui abastecer na sexta-feira em um posto sem bandeira. Tive receio, mas é melhor do que nada. Paguei seis reais no litro”, disse ele. “Disseram pra colocar gasolina aditivada depois para limpar o motor, não sei se funciona”.
“Na rádio, está falando que é melhor comprar carne agora porque depois da greve você compra sem saber se está estragada. A gente vai ouvindo isso e é influenciado”, afirmou Mendes.
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