Morreu, aos 90 anos, o psicólogo israelense-americano Daniel Kahneman, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2002 e pai da economia comportamental.
Kahneman era professor emérito da Universidade de Princenton (EUA) e é responsável por uma linha de estudos que revolucionou as ciências econômicas, que o levou ao prêmio Nobel. Em seus estudos, Kahneman propôs uma uma abordagem psicológica. Ao contrário da economia tradicional, que pressupõe que os seres humanos agem de maneira racional e que quaisquer exceções tendem a desaparecer à medida que os riscos aumentam, a escola comportamental baseia-se na exposição de vieses mentais arraigados que podem distorcer o julgamento, muitas vezes com resultados contra-intuitivos.
Uma de suas teses mais importantes é a aversão à perda. De acordo com a tese, a perda de um valor em dinheiro como 100 reais incomoda cerca de duas vezes mais do que um eventual ganho da mesma quantia. A aversão a perda demonstra, por exemplo,que checar frequenteme uma carteira de ações é uma estratégia não recomendada, já que pode levar a uma cautela excessiva ao investidor.
Com sua obra, Kahneman mostrou a lógica por trás de uma série de comportamentos intrigantes, como os motivos que levam as pessoas a se recusar a vender ações que perderam valor, ou por que vão de carro até uma loja distante para economizar dinheiro em um item pequeno, mas não pensam em fazer a mesma economia com o caro.
Kahneman foi “o psicólogo vivo mais influente do mundo”, disse Steven Pinker, professor da Universidade de Harvard, ao jornal britânico The Guardian, em 2014. “Seu trabalho é realmente monumental na história do pensamento”.
Em 2011, o professor lançou o best-seller “Rápido e Devagar”, que aponta a existência de dois sistemas na mente humana, um rápido e intuitivo, o outro lento e mais racional. No livro, ele oferece conselhos para tomar melhores decisões, começando com: “Reconheça os sinais de que você é um campo minado cognitivo”.