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‘Mordaça’: auditores e secretário da Receita criticam mudança em MP

Em discussão sobre ministérios, parlamentares limitaram a capacidade de atuação dos auditores fiscais, que veem retaliação após investigação contra Gilmar

Por Da Redação
Atualizado em 10 Maio 2019, 16h23 - Publicado em 10 Maio 2019, 09h32
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  • No Congresso Nacional, quando um tema é incluído em um projeto sobre um assunto ao qual ele não está relacionado, costuma-se dar o nome de “jabuti”. Afinal, como disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) durante reunião da comissão mista que analisa a reforma administrativa, “jabuti não sobe em árvore. Se está lá, é porque alguém colocou”.

    Um jabuti dos grandes foi incluído no relatório da medida provisória que reestrutura o governo federal: o texto prevê uma limitação para que auditores da Receita Federal só possam compartilhar denúncias de crimes com o Ministério Público após autorização judicial. O texto da MP não é sobre competências de carreiras, mas sobre a estrutura administrativa da Esplanada.

    A mudança, assim como a perda de controle do ministro Sergio Moro sobre o Coaf e da ministra Damares Alves sobre a Funai, precisa ser votada pelos plenários da Câmara e do Senado, mas já provocou críticas. O presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (Sindifisco), Kleber Cabral, disse nesta quinta, 9, que os profissionais são vítimas de reação em virtude do episódio envolvendo o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Em fevereiro, a coluna Radar informou que a Receita abriu investigação interna prévia para apurar a evolução patrimonial do ministro e sua mulher, Guiomar Mendes. Após um pedido do presidente do STF, Dias Toffoli, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, abriu outro procedimento, para investigar os próprios auditores. “Já nos disseram claramente: vocês chegaram ao STF, vai ter reação. Não ia ficar barato”, afirmou Cabral.

    O presidente do Sindifisco também relacionou a votação na comissão especial a um ataque à Receita por “poderosos afetados pelas investigações”. “Tem um grupo de parlamentares expressivo, cerca de cem, que uma parte já foi autuada e outra está sendo fiscalizada pela Receita, tanto na Lava Jato quanto em outros ilícitos. Há um grupo que realmente se interessa em restringir atribuições da Receita”, disse.

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    ‘Obrigação de qualquer cidadão’

    Em uma rede social, o secretário Marcos Cintra, da equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a decisão. “É incrível uma lei proibir um auditor fiscal de comunicar ao Ministério Público a suspeita de um crime, conexo ou não a um crime tributário investigado. Isso é uma obrigação de qualquer cidadão”, escreveu.

    Cintra afirmou que, para ele, “uma mordaça está sendo colocada na Receita Federal pela nova redação da MP 870”. “Só posso acreditar que a nova versão da MP 870 tenha sido um erro de redação no tocante à mordaça dos auditores fiscais”.

    (Com Estadão Conteúdo)

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