O governo retirou o pedido de urgência para a tramitação do Projeto de Lei Complementar 68/24, que detalha parte da reforma tributária, cujo texto-base foi aprovado no ano passado. Além de atender a um pedido de Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também viabiliza a sabatina de Gabriel Galípolo pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da Casa, marcada para a próxima terça-feira, 8. A sabatina é parte do rito para avaliar se Galípolo tem condições de suceder Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central (BC) como deseja Lula, a partir de janeiro de 2025.
A arguição de Galípolo corria o risco de não ocorrer, já que a regulamentação da reforma tributária travava a pauta do Senado desde 23 de setembro. Isto porque o projeto foi apresentado em 7 de agosto à Casa e, ao tramitar em regime de urgência, deveria ser votado pelo plenário até 22 de setembro – o que não aconteceu. Como o regimento do Senado determina que, nesta situação, nenhuma outra matéria pode ser votada pelos senadores até a apreciação daquela com pedido de urgência, os trabalhados pararam.
A retirada da urgência é parte de um acordo do governo com Pacheco, que deseja dar mais tempo aos senadores para analisar o PLC 68/24. O próximo passo será a designação do relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O nome mais provável é o de Eduardo Braga (MDB-AM).
Sabatina de Galípolo não deve ter surpresas
Já a sabatina de Gabriel Galípolo pela CAE, na próxima terça-feira, deve transcorrer sem sobressaltos, segundo senadores ouvidos por VEJA. Desde que foi indicado por Lula, em agosto, para substituir Campos Neto no comando do BC, o atual diretor de política monetária da autarquia cumpriu o ritual de se apresentar aos senadores e visitou mais de 40 dos 81 membros da Casa, entre aliados e opositores do Planalto.
Nas conversas, destacou seu compromisso com a independência do Banco Central e com a continuidade do trabalho realizado pela atual diretoria. Campos Neto também ajudou a quebrar a resistência da oposição, ao endossar a indicação de Galípolo e assegurar que fará uma transição suave.
Segundo parlamentares consultados pela reportagem, o escolhido de Lula deve ser aprovado pela CAE e, em seguida, pelo plenário do Senado sem dificuldade. Eles lembram que é uma prerrogativa do presidente da República a escolha do comando do BC, e afirmam que mesmo as indicações mais polêmicas de Lula passaram, como a do ex-governador do Maranhão pelo PCdoB e ex-ministro da Justiça, Flávio Dino, para o Supremo Tribunal Federal.