O presidente Lula ganhou mais um apoiador aos seus ataques contra o Banco Central. O economista André Lara Resende, ex-Banco Central e um dos idealizadores do Plano Real, também criticou as altas taxas de juros mantidas pelo Banco Central, afirmando que “com essa taxa qualquer um quebra”, durante entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes, no domingo, 12.
O economista aproveitou para citar o caso da Americanas e alertou que as altas taxas combinadas com balanços fracos dos bancos pode colocar o país em recessão. “O fato de que tivemos quebras no varejo leva os bancos a retraírem drasticamente o crédito. Assim, você agrava o processo de desaquecimento da economia e coloca o país em uma possível recessão muito séria”, disse.
Lara Resende também criticou o “terrorismo fiscal” e descartou que o país vive uma crise desse tipo argumentando que a relação dívida/PIB caiu para 73% no ano passado, o nível mais baixo dos últimos sete anos. “A situação fiscal brasileira é muito razoável. O Brasil tem nos últimos anos, sempre teve no século 21, em quase todos os anos, superávit primário. Alguns anos teve déficit primário e depois voltou e nesse ano voltou a ter superávit de 1,3% do PIB. Como se pode dizer que é um risco fiscal e por isso a taxa de juros tem que ser alta?”, questionou.
Para o economista, os parâmetros do BC para manutenção da Selic no atual patamar estão errados. “Faz sentido nesse contexto você ter uma taxa de juros que está há dois anos nesse nível? Claramente não. Os objetivos do Banco Central, determinados na lei que deu autonomia ao Banco Central são o controle da inflação, a estabilidade do sistema financeiro e a garantia do pleno emprego. Obviamente essa taxa de juros de 13,75% é incompatível com esses objetivos. Ela está errada”, disse.
Lula tem feito ataques constantes ao BC, colocando em xeque a independência da autarquia e questionando a taxa básica de juros atual, que ele afirma ser insuficiente para estimular o crescimento da economia e a geração de empregos. Com dois dos oito líderes do BC prestes a finalizar seus mandatos, o presidente da República tem poder de indicar seus substitutos, desde que sejam aprovados pelo Senado. Em meio à escalada de tensões entre ambos, a definição dos novos diretores da instituição se torna crucial neste momento, pois a aprovação de nomes aliadas aos ideais do governo aumentaria a possibilidade da agenda de Lula ser posta em prática.