O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender que o governo faça investimentos e disse que “dinheiro bom é dinheiro transformado em obra”. A declaração ocorreu em reunião com ministros da área de infraestrutura, no Palácio do Planalto, nesta sexta-feira, 3, da qual também participou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aumentando a saia justa entre a ala política e a Fazenda sobre a política fiscal.
“Para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro que está no Tesouro, mas para quem está na Presidência dinheiro bom é dinheiro transformado em obras. É dinheiro transformado em estrada, em escola, em escola de primeiro, segundo, terceiro grau, saúde”, disse o presidente no encontro desta sexta-feira, que entre os participantes, contava com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A sinalização ao aumento de gastos dada por Lula ocorre em meio a discussão sobre a mudança da meta fiscal do governo para 2024 — para um déficit de até 0,5% do PIB. A ala política do governo teme contingenciamentos no ano de eleições municipais. As discussões sobre a mudança da meta, porém, desagradaram investidores, líderes do Congresso e o Ministério da Fazenda. Haddad defende a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024. Para a pasta, mesmo que haja dificuldade em cumprir a meta, a sinalização do esforço fiscal é fundamental para controlar as expectativas.
Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou que a manutenção da meta fiscal é fundamental para a continuidade da política monetária. O Banco Central realizou o terceiro corte consecutivo de meio ponto percentual na Selic e sinalizou a continuidade dos cortes, porém salientou que o aumento do risco fiscal pode mudar o ritmo da redução da Selic. Vale lembrar que os juros mais baixos têm impacto direto na dívida pública.
Obras
“Se o dinheiro estiver circulando e gerando emprego, é tudo que um político quer e que um presidente deseja”, disse Lula. O presidente afirmou também que deseja que os ministros sejam “os melhores gastadores do dinheiro” em obras e citou a nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que reúne uma cartilha de empreendimentos em infraestrutura com previsão de investir 1,4 trilhão de reais até 2026. “Queremos que vocês [ministros] sejam os melhores ministros deste país, os melhores executores deste país, os melhores gastadores do dinheiro em obras de interesse do povo brasileiro”, disse Lula.
Além de Haddad, participaram do encontro o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin; Rui Costa, da Casa Civil; Renan Filho, dos Transportes; Silvio Costa, de Portos e Aeroportos; Alexandre Silveira, de Minas e Energia; Juscelino Filho, das Comunicações; Waldez Góes, da Integração e do Desenvolvimento Regiona; Jader Filho, das Cidades; e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social.