A Latam anunciou nesta quarta-feira, 20, a demissão do funcionário Felipe Wilson, supervisor da empresa no aeroporto de Guarulhos. Ele é um dos envolvidos no segundo vídeo machista gravado durante a Copa do Mundo da Rússia. No vídeo, ao menos três homens ensinam três mulheres a falar em português: “Eu quero dar a b***** para vocês”.
“A Latam Airlines Brasil repudia veementemente qualquer tipo de ofensa ou prática discriminatória e reforça que qualquer opinião que contrarie o respeito não reflete os valores e os princípios da empresa. A partir deste pressuposto, a companhia informa que tomou as medidas cabíveis, conforme seu código de ética e conduta”, diz a nota oficial da empresa.
Este foi ao menos o segundo vídeo que mostra brasileiros constrangendo mulheres na Rússia a viralizar na internet. No primeiro, um grupo de ao menos cinco homens tenta convencer uma russa a gritar uma frase com referência constrangedora às suas partes íntimas. Trata-se da velha piada de mau gosto de fazer estrangeiros repetirem termos chulos em português. Claramente sem entender o significado do que é dito, ela tenta acompanhar os torcedores.
Ao menos três integrantes do grupo foram identificados: Luciano Gil Mendes Coelho, ex-membro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Piauí (Crea-PI); Diego Jatobá, ex-secretário de Turismo de Ipojuca (PE); Eduardo Nunes, tenente da Polícia Militar em Lages, Santa Catarina.
Na segunda-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Pernambuco, divulgou nota de repúdio à atitude dos brasileiros.
“Dentre os protagonistas do lamentável episódio, identifica-se o advogado Diego Valença Jatobá, regularmente inscrito nesta seccional”, diz a nota, referindo-se a um dos homens que aparecem no vídeo. Jatobá também foi secretário de Turismo de Ipojuca (PE), onde está a praia de Porto de Galinhas, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB).
“A preconceituosa atitude é causa de vergonha para todos nós, brasileiros, e vai na contramão do atual contexto de luta contra a desigualdade de gênero, em que cada dia mais as instituições públicas e privadas estão em busca de soluções conjuntas para que nenhuma mulher sofra qualquer tipo de violência ou discriminação pelo fato de ser mulher”, diz a nota.
A OAB-PE salienta que o Brasil é o quinto país no ranking mundial de violência contra as mulheres e que uma mulher é vítima de violência física ou verbal no país a cada dois segundos. “As estatísticas são alarmantes e nos levam a uma profunda reflexão sobre a necessidade de uma mudança urgente da cultura machista e patriarcalista em que nossa sociedade ainda está, infelizmente, inserida.”