Os juros do cheque especial podem variar entre 20% e 528% ao ano. É o que mostra pesquisa realizada pelo Banco Central entre os dias 27 de março e 3 de abril com base nas taxas média praticadas pelas 30 instituições financeiras que oferecem essa modalidade de crédito. A diferença entre o banco que cobra o menor porcentual e o que tem maior custo pode chegar a 26 vezes.
A taxa mais baixa foi verificada no Banco Inter (20,44%) e a mais alta no Banco Mercantil do Brasil (528,65%). Entre os 10 bancos com os maiores juros estão as 5 maiores principais instituições do país – Santander (421,31%), Itaú (321,92%), Banco do Brasil (312,87%), Caixa (309,9%) e Bradesco (285,36%).
O cheque especial funciona como uma reserva que o cliente pode usar em caso de emergência, quando surgir um gasto inesperado, sem precisar recorrer ao banco, já que é um empréstimo pré-aprovado. Justamente por causa dessas caraterísticas os juros são mais elevados em comparação a outras linhas de crédito. Em fevereiro, a taxa do cheque especial atingiu 324,12% ao ano, muito maior que a taxa média dos juros ao consumidor – 57,72% no mesmo período.
Na semana passada, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) anunciou que as instituições vão oferecer uma linha de crédito alternativa ao cheque especial. O novo produto vai ser oferecido para os clientes que comprometerem mais de 15% do limite do cheque especial durante trinta dias consecutivos a partir de 1º de julho. O objetivo é reduzir o custo para os consumidores e melhorar a utilização desse crédito.
Outro lado
Procurada, a Caixa disse por meio de nota que, “alinhada à queda apresentada pela taxa Selic, a Caixa ajustou a taxa de juros do produto Cheque Azul PF focando nos clientes que possuem maior relacionamento com a empresa, partindo de 2,09% ao mês e variando de acordo com o volume de aplicação ou garantia ofertada pelo cliente. Cabe ressaltar que, atualmente, a taxa média do produto está entre as melhores do mercado para o produto cheque especial, considerando as principais instituições financeiras, conforme informações divulgadas pelo Banco Central”.
A instituição diz ainda que promove, periodicamente, “campanhas de sensibilização sobre o uso adequado do produto, visto que o produto cheque especial é um crédito adequado para cobrir despesas emergenciais. Para as demais situações, o banco oferece outras linhas de crédito e serviços de acordo com a necessidade do cliente”.
Já o Santander disse que “manifesta apoio incondicional às novas diretrizes que aperfeiçoam o uso do cheque especial, inseridas no Normativo de Uso Consciente de Cheque Especial do Sistema de Autorregulação Bancária (SARB). As medidas representam uma evolução das práticas comerciais adotadas pelo banco, que deu início a ações para evitar que os clientes permaneçam por um período não-emergencial em linhas rotativas com taxas de juros mais onerosas (cheque especial e o rotativo do cartão de crédito)”.
E afirma ainda que, para oferecer linhas alternativas ao cheque especial, há quatro ano, o Santander criou uma família de produtos parcelados exclusivos, com custos menores e adequados à sua capacidade de pagamento. “O Santander é o único banco do país a disponibilizar dez dias sem juros no cheque especial para todos os clientes. Esta condição beneficia, atualmente, 35% dos usuários do cheque especial Santander”, diz a nota oficial do banco.
O Itaú Unibanco afirmou, por meio de comunicado, que vem repassando “o corte da Selic para as suas linhas, mas é importante ressaltar que as taxas cobradas também dependem de outros fatores que vão além da queda da taxa básica de juros, como o perfil do cliente e sua capacidade de pagamento. As taxas divulgadas pela autoridade monetária representam a média de todas as contratações realizadas naquele mês, mas não necessariamente são praticadas para todos os clientes que possuem os produtos do banco”.
O Banco Mercantil do Brasil disse apoiar as novas regras sobre uso consciente de cheque especial. “A instituição financeira esclarece que oferece o cheque especial com taxa de juros a partir de 3% ao mês, de acordo com o perfil do cliente. O MB também informa que possui linhas de crédito com condições especiais de taxas de juros para parcelamento do saldo devedor e já está se adaptando aos processos de oferta ao cliente de maneira a atender as novas diretrizes da autorregulação”, diz comunicado divulgado pelo banco.
Banco do Brasil e Bradesco foram procurados, mas não responderam até a publicação desta reportagem.