A inflação volta a dar sinais de desaceleração. Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,23%, abaixo da estimativa do mercado, de 0,33%. Na comparação com abril, o indicador veio 0,38 ponto percentual mais baixo, chegando ao terceiro mês seguido de desaceleração. Com isso, no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação está em 3,94%, próxima do centro da meta de 3,5% para o ano e dentro do teto, de 4,75% ao ano. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 7, pelo IBGE.
A inflação mais branda aumenta a pressão para que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) comece a baixar as taxas de juros no país. A Selic está no patamar de 13,75% ao ano. O próximo encontro do colegiado acontece nos dias 20 e 21 deste mês. A expectativa tanto do governo quanto do mercado é maior do que o acumulado agora e acima do teto da meta, de 5,58% e 5,71%, respectivamente.
Os preços mais comportados em maio tiveram a influência direta do grupo de transportes e de alimentação e bebidas. Transportes registrou deflação de 0,57% no mês, influenciado pelo recuo dos preços dos combustíveis — em especial o diesel (-5,96%) e a gasolina (-1,93%), que agora têm influência de uma nova política de preços na Petrobras –, e o valor de passagens aéreas, que recuou 17,73% no mês.
Os alimentos tiveram variação positiva, de 0,16%, mas o ritmo foi menor que o de abril, de 0,71%. “Trata-se do grupo com maior peso no índice, o que acaba influenciando bastante no resultado geral”, afirma André Almeida, analista da pesquisa.
O principal destaque foi na alimentação no domicílio, que passou de 0,73% no mês anterior para uma estabilidade em maio. O grupo registrou queda nos preços das frutas (-3,48%), do óleo de soja (-7,11%) e das carnes (-0,74%). Por outro lado, a alta teve como destaque a inflação do tomate (6,65%), do leite longa vida (2,37%) e do pão francês (1,40%). “”Nos casos do tomate e do leite, os aumentos de preço estão relacionados a uma menor oferta”, explica Almeida.
Entre os demais grupos, artigos de residência registraram deflação (-0,23%). Os outros seis tiveram alta nos preços. Saúde e cuidados pessoais teve o maior impacto (0,12 p.p.) e a maior variação (0,93%), com destaque para plano de saúde (1,20%) e itens de higiene pessoal (1,13%), com especial influência para a alta do subitem perfumes (3,56%). Também os produtos farmacêuticos, com alta de 0,89%, contribuíram para o resultado, após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março.
Já o grupo Habitação, com alta de 0,67%, contribuiu para a alta do IPCA de maio. “Houve influência dos preços da água e esgoto e da energia elétrica, que registraram reajustes em algumas capitais”, justifica o analista da pesquisa. A maior contribuição (0,05 p.p.) veio da taxa de água e esgoto, com variação de 2,67%, devido a reajustes aplicados em seis áreas de abrangência do índice (Recife, São Paulo, Aracaju, Curitiba, Belém e Goiânia). Já a variação de energia elétrica residencial, de 0,91%, contribuiu com 0,04 p.p, muito por conta de reajustes aplicados em seis áreas capitais (Salvador, Recife, Fortaleza, Campo Grande, Belo Horizonte e Aracaju).
Em relação aos índices regionais, somente uma área apresentou deflação no IPCA de maio: São Luís (-0,38%), influenciada pelas quedas de 7,63% no frango inteiro e de 5,87% na gasolina. A maior variação foi em Fortaleza (0,56%), com especial contribuição dos subitens jogos de azar (12,18%) e de energia elétrica residencial (3,71%).