A inadimplência no Brasil deve seguir ainda um ano em patamares altos, para só no final de 2013 começar a cair com mais intensidade, acredita Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian. Em entrevista ao site de VEJA, Loureiro se mostrou otimista com o Cadastro Positivo do governo, que deve ser implantado já no início do ano que vem, e tem como base a personalização do crédito. O mecanismo, segundo ele, será um dos fatores de maior influência na queda na inadimplência, segundo o executivo. Com o Cadastro Positivo as instituições financeiras terão um histórico individual de cada consumidor – e nele se basearão para oferecer crédito e colocar limite de valor e taxa de juros para a contratação.
Para Loureiro, o cenário de melhora econômica esperado para o ano que vem também contribuirá para a redução do número de dívidas em aberto. “Não vejo aumento, mas, somente daqui 12 a 18 meses é que sentiremos o efeito do Cadastro Positivo, com a taxa de inadimplência caindo significativamente”, diz Loureiro. O executivo acredita que, a além de ajudar as instituições financeiras e reduzir suas perdas com calotes, o mecanismo vai educar o consumidor na hora de tomar o crédito. “Se ele não tiver condições, não vai conseguir comprometer ainda mais sua renda”, acrescenta.
Loureiro explica que o endividamento no Brasil está na média mundial – cerca de 22,2% do comprometimento de renda – e as condições trabalhistas e de salários estão em bom patamar, o que leva a crer que a explicação mais plausível para a alta taxa de calotes hoje é a falta de educação financeira da população. “Não temos, hoje, problemas econômicos que expliquem essa inadimplência, como no passado. Então percebemos que nosso problema é comportamental. Temos de educar o consumidor logo em seu primeiro financiamento”, fala.
O presidente da Serasa participa neste segunda-feira do 1º Fórum Novo Brasil, em São Paulo, que discute o perfil e as oportunidades de negócios na classe média brasileira.
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