Em outubro, a inadimplência da taxa de condomínio no Brasil atingiu seu recorde no ano: 13,84% na média nacional, uma alta de 3,57% em relação ao mês anterior. De acordo com um estudo realizado pela Superlógica, empresa de soluções financeiras para o mercado imobiliário, o último pico de inadimplência neste ano havia sido em junho, quando a taxa foi de 13,12%. O menor percentual de 2024 foi 9,80%, registrado em agosto. O levantamento foi feito com aproximadamente 3 milhões de imóveis de todas as regiões do país e leva em consideração imóveis que possuem boletos não pagos há mais de 30 dias ou que foram pagos com atraso de mais de 30 dias.
Segundo a pesquisa da companhia, Goiás foi o estado que liderou o ranking da inadimplência condominial em outubro com taxa de 22,6%. São Paulo e Rio de Janeiro, os dois estados com maior área urbanizada do Brasil — conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — apresentaram percentuais de 12,52% e 11,24%, respectivamente. A região com menos moradores que não pagaram o boleto de sua moradia foi o Espírito Santo, com 8,02%. Independentemente da posição no ranking, Goiás, Paraíba, Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, Paraná e até mesmo Espírito Santo também apresentaram, em outubro, os valores máximos dos seus indicadores no ano.
Para João Baroni, diretor da unidade de negócios de crédito da Superlógica, dois motivos que causam o aumento do problema são a alta da inflação e da taxa de juros, que reduzem o poder de compra da população. “A inadimplência, sobretudo condominial, vem subindo devido a prioridade de pagamento por despesas mais caras, como cartão de crédito, empréstimos e cheque especial”, analisa. Além dos fatores macroeconômicos, o diretor observa que as bets também impactam nos gastos de muitos brasileiros. “Isso tem reflexo na inadimplência por ser mais um propulsor do comprometimento do orçamento familiar”.
O estudo da Superlógica ainda revela que, entre janeiro e outubro de 2024, o valor da taxa média de condomínio no Brasil aumentou bem acima da inflação: de 828,03 reais para 901,74 reais, uma alta média de 8,9%, 5,02 pontos percentuais a mais que o IPCA do período (3,88%). Entre os estados, os maiores aumentos da taxa condominial foram verificados no Rio de Janeiro (16,75%), Espírito Santo (13,46%), Distrito Federal (12,48%) e Rio Grande do Sul (11,97%). Entre as menores variações, os destaques vão para Bahia (2,27%), Paraná (4,57%), Ceará (5,32%) e São Paulo (6,66%).
O alto custo de vida
Em uma comparação com o salário mínimo brasileiro atual, que é de 1.412,00 reais, a taxa média de condomínio já equivale a quase 100% dele em diversos estados do país, principalmente das regiões Norte e Nordeste. Ela representa 95% do salário mínimo no Ceará (1.341,30 reais), 92% em Pernambuco (1.299,60 reais), 81% no Amazonas (1.152,43 reais), 76% no Maranhão (1.079,36 reais), 74% no Rio Grande do Norte (1.052,50 reais), 73% no Rio de Janeiro (1.031,50 reais) e 70,8% no Espírito Santo (999,30 reais). Na média nacional, a taxa de condomínio equivale a 63% do valor do salário mínimo.
Um estudo de julho de 2024 da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) indica que 77% das famílias brasileiras possuem alguma dívida, e, ainda por cima, houve um incremento de 1,45 milhão delas que assumiram débitos nos últimos dois anos. Além disso, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) estima que o país possui um percentual de inadimplência total de 40,91%: mais de 67 milhões de indivíduos possuem o nome sujo ou perderam o controle de suas finanças. O recorde de inadimplência da taxa condominial no Brasil se insere a esse amplo cenário de contas em atraso.
Como alternativa de amortizar essa problemática, a Superlógica, por exemplo, possui o programa Inadimplência Zero (IZ), que propicia ao condomínio contratante o recebimento garantido da cota condominial nos casos em que há inadimplência do morador. O objetivo, segundo a empresa, é evitar com que o condômino perca seu imóvel e que o condomínio tenha certeza do gerenciamento de gastos coletivos, viabilizando manutenções de rotina e obras de melhoria. “O programa garante que o condomínio terá uma arrecadação livre de custos, além de propiciar alternativas para que o morador pague sua dívida”, diz João Baroni.