O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abriu o pregão em forte queda nesta quarta-feira, 27. Às 12h09 horas, o índice registrava queda de 2,48%, em 92.945 pontos. O movimento reflete algumas notícias ruins da véspera entre a relação do governo com o Congresso, como a aprovação da PEC do Orçamento impositivo e levanta dúvidas sobre a aprovação da reforma da Previdência.
O dólar também teve um começo de dia intenso. Às 12h09, a moeda subia 2,21%, aos 3,952 reais na venda, também de olho na Previdência e, como tem mais influência do mercado externo, na reunião do Parlamento britânico sobre o Brexit, que ocorre na tarde desta quarta-feira.
Na véspera, o principal índice da bolsa paulista fechou em alta de 1,76%, aos 95.306. O dólar havia subido ligeiramente, 0,24%, cotado a 3,86 reais.
Para Thiago Salomão, analista da Rico Investimentos, esses movimentos são exagerados. “Nos últimos dias, o mercado tem sido um pouco histérico demais. Ontem também não teve nenhuma grande notícia positiva para a Bolsa subir quase 2%”, afirma.
No final da noite de terça-feira, com o pregão fechado, a Câmara dos Deputados aprovou em menos de uma hora a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que obriga o governo a executar todo o Orçamento de investimentos e emendas de bancadas estaduais. Na prática a decisão não afeta tanto o mercado, mas a derrota do governo no Congresso causa tensão para a reforma da Previdência.
Salomão não acredita em grandes impactos da aprovação do Orçamento impositivo, que dá mais independência à Câmara, no longo prazo, já que o presidente da casa Rodrigo Maia ainda se coloca a favor da reforma. No entanto, “a curto prazo, isso mostra um desalinhamento entre o governo e os deputados”, ressalva.
Ainda na terça, líderes de treze partidos da Câmara lançaram um texto se posicionando contra dois pontos da reforma. As mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é concedido a idosos e deficientes de baixa renda, e na aposentadoria rural.
“O grande motivo para a Bolsa subir em 2019 é a reforma. Então, qualquer notícia que coloque em risco sua aprovação vai ter uma reação sensível do mercado. Isso é normal”, completa Salomão.
Para o diretor da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer, o mercado está reagindo de forma defensiva ao cenário nacional. “Acho que o cenário político está muito complicado, essa retaliação da votação da PEC contra o governo é difícil. O Congresso é muito poderoso e está mostrando isso para o governo novo”, afirmou.
Dólar
Já para o caso específico do dólar, que tem mais influência de fatores externos, o mercado observa um dia importante para o Brexit. O Parlamento se reúne nesta tarde para definir o rumo da saída da União Europeia, sob expectativa de que a premiê britânica, Theresa May, ofereça seu cargo em troca da ratificação de seu acordo após duas derrotas.
(Com Reuters)