O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender nesta sexta-feira, 28, a queda da taxa Selic, em 13,75% ao ano. A fala acontece às vésperas da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na semana que vem para definir o patamar de juros. A expectativa do mercado, conforme sinalizado em ata da última reunião, é que o Banco Central inicie o processo de descompressão monetária, cortando a taxa em 0,25 ou 0,50 ponto percentual. Haddad vê espaço para um “corte generoso”, isto é, de meio ponto.
Segundo o ministro, a economia está sofrendo um processo de desaceleração pelo fato de a taxa de juros real estar em 10% e os “ventos” estariam “favoráveis” para que se inicie um processo agressivo de queda da Selic. “O mundo está olhando para o Brasil com outros olhos, mas está mais do que na hora de alinharmos a política fiscal e monetária para que possamos voltar a sonhar com dias melhores”, disse. “A inflação está muito controlada. Isso nos dá um espaço extraordinário de crescer mais e gerar mais oportunidades”, completou.
Em coletiva de imprensa, Haddad afirmou que o caminho para cortes na Selic está “pavimentado”. “Primeiro, [a dúvida era] se o juro vai cair. Depois, quando. E, agora, quanto”, disse o ministro. Para ele, há “muito espaço para um corte de 0,5 ponto percentual”.
O início do ciclo de distensionamento da política monetária é aguardado com ansiedade pela turma da Faria Lima — espera-se que seja um gatilho para a valorização das ações negociadas na B3, a bolsa de valores do Brasil. Segundo o boletim Focus, relatório que mede os ânimos do mercado, os agentes financeiros calculam que a Selic chegará a 12% no fim deste ano e a 9,5% ao término de 2024. Ainda assim, é um pouco mais do que seria considerado ideal para evitar distorções na atividade econômica.