O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira, 23, acreditar que o Brasil pode recuperar o grau de investimento no próximo ano. A declaração do ministro foi feita após encontros com agências de classificação de risco em Nova York, onde uma comitiva do governo participa de eventos da ONU.
O encontro com a S&P Global e a Moody’s, em Nova York. , segundo Haddad, aconteceu a pedido de Lula. O ministro disse que levou às agências as mudanças nas regras da economia brasileira, como o novo arcabouço fiscal e a tentativa de estabelecer um mecanismo claro e com critérios transparentes e específicos para o pagamento das emendas parlamentares.
“Quando assumimos estávamos a um passo do grau de investimento. No ano que vem, possivelmente, em uma ou duas agências de risco estaremos a um degrau do grau de investimento. Ele [o presidente Lula] me perguntou o que aconteceria até o fim do mandato dele e eu disse que as mudanças são graduais, geralmente de um ano para o outro. Aí, ele quis conversar com as agências para entender a avaliação, em relação às políticas que estão sendo implementadas no Brasil, do esforço que estamos fazendo depois de dez anos de rebaixamento, em que as contas públicas ficaram muito bagunçadas”, disse o ministro após o encontro. Haddad ainda deve se encontrar com executivos da Fitch Ratings durante a passagem pelos Estados Unidos.
“Evidentemente que cabe às agências de risco definir, mas os prognósticos da Fazenda são muito bons” disse Haddad, após uma reunião com agências. “ Quando assumimos o governo, estávamos três degraus abaixo. Ano que vem, possivelmente em uma ou duas agências, estaremos a um degrau”, afirmou.
Haddad destacou que o Brasil é um credor internacional, possui um superávit comercial robusto e é destino de investimentos privados. O ministro observa que essa revisão deve ser feita de forma gradual, mas que o objetivo de Lula é terminar o mandato readquirindo o grau de investimento. Atualmente, a classificação do Brasil pela Moody’s é “Ba2”, enquanto a S&P a ajustou de ‘BB-‘ para ‘BB’, mantendo uma perspectiva estável.
O país perdeu o grau de investimento em 2015, depois de ter atingido em 2008, durante o governo Lula. A recuperação do selo de bom pagador ajudaria a destravar investimentos estrangeiros para o país uma vez que muitos fundos de investimento grandes só podem aportar recursos em mercados que tenham a certificação.
Banco Central
O ministro disse que levou às agências sinais da recuperação do país, como a implantação do arcabouço fiscal, que limita o crescimento de despesas em relação à receitas, e a reoneração da folha de pagamento prevista para o próximo ano, que deve gerar receitas mais consistentes. A autonomia do Banco Central também é um elemento chave, segundo o ministro.
Segundo ele, as agências de classificação de risco teceram elogios ao respeito à autonomia do BC. A transição foi “desafiadora”, mas está na “reta final”, conforme ele. “Nós somos o primeiro governo que teve dois anos de convivência com o presidente nomeado pelo governo anterior”, afirmou, a jornalistas, após as reuniões. “O que todos notaram é que o Brasil, no ponto de vista institucional, também, em relação a isso, soube lidar muito bem com uma situação, digamos assim, desafiadora”, avalia.