O Grupo Fleury (FLRY3) registrou lucro líquido de 173,6 milhões de reais no segundo trimestre. O resultado é 47,5% maior que o do mesmo período do ano passado, e reflete os primeiros efeitos da aquisição do Instituto Hermes Pardini, cujos números passaram a ser consolidados pelo Fleury a partir de maio de 2023. “Desde então, atuamos muito forte na integração de culturas, na padronização de processos e principalmente na captura de potenciais sinergias entre as empresas”, afirmou à VEJA Jeane Tsutsui, executiva-chefe do Fleury
O grupo obteve 1,98 bilhão de reais em receita líquida entre abril e junho, marcando um crescimento de 19,7% sobre a comparação. Além do Pardini, outros fatores também impulsionaram os números neste trimestre. Desde 2017, o Fleury intensificou a estratégia de diversificação: entrou em novas regiões geográficas, apostou em serviços complementares, como ortopedia, terapia ocupacional, oftalmologia e fertilidade, aprofundou a atuação em mercados como o B2B, prestando serviços a laboratórios e hospitais, e adquiriu novas redes.
Com isso, o mercado B2C, que representava 84% da receita do grupo em 2017, quando o faturamento era de 2,6 bilhões de reais no acumulado de doze meses, recuou para 67% no fim de junho, quando a receita acumulada em doze meses totalizou 8 bilhões. “Mantemos nossa visão de crescimento, mas com uma maior diversidade de negócios”, diz Tsutsui. “Agora temos um posicionamento mais amplo, que vai da prevenção até tratamento”, acrescenta.
A geração de caixa, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), cresceu 44% no segundo trimestre, na comparação com um ano antes, e somou 522 milhões de reais. Já a margem Ebitda cresceu de 21,9% para 26,4%. Para a executiva, a maior geração de caixa sinaliza o acerto da estratégia do grupo. “Não estamos só crescendo e diversificando, estamos também melhorando o nosso resultado”, afirma.
Para Jose Antonio Filippo, diretor financeiro do Fleury, os números também refletem a disciplina na gestão do capital, priorizando a liquidez e o baixo nível de alavancagem da companhia. A companhia encerrou junho com dívida líquida de 2 bilhões de reais. O montante é 9% inferior aos 2,2 bilhões contabilizados em março. É verdade que a dívida bruta subiu 28% na comparação, para 4,1 bilhões, mas esse incremento foi compensado pelo salto de 107% do caixa, que saiu de 1 bilhão de reais para 2,1 bilhões em três meses.
Com isso, a alavancagem (dívida líquida dividida pelo Ebitda) recuou de 1,2 vez para 1,1 vez no período, abaixo do teto de 3 vezes combinado com os credores. “Isso é bastante importante, diante da perspectiva de que os custos financeiros terão uma queda mais lenta que a esperada, por causa dos juros altos”, diz Filippo.