O Ministério da Fazenda revisou para cima as suas projeções tanto para o crescimento da economia quanto para o avanço da inflação neste ano. De acordo com a nova edição do Boletim MacroFiscal, divulgado nesta quinta-feira, 16, a nova expectativa oficial para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2024 é de 2,5%, alterada de 2,2% na edição anterior, de março. A projeção é superior a do mercado financeiro, que estima avanço de 2,09% na economia para este ano.
A revisão inclui, também, uma melhora nas expectativas em relação ao crescimento da economia no primeiro trimestre, que foi reajustada de 0,7% para 0,8%.
A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), por sua vez, foi elevada de 3,5% para 3,7% até o término do ano. Nas projeções para 2025, a expectativa para o crescimento do PIB foi mantida em 2,8%, enquanto o aumento do IPCA foi elevado de 3,2% para 3,3%.
Em seu relatório, a Fazenda destaca os efeitos de um “cenário externo mais adverso” como um ponto de atenção que entrou com maior força no radar da economia doméstica nos últimos meses, em especial no que diz respeito ao futuro dos juros e dos preços.
“O cenário da atividade global está mais resiliente do que o esperado, e também o cenário de juros e inflação estão diferentes daqueles traçados no início do ano”, disse o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, em coletiva a jornalistas. “Havia uma expectativa de uma série de reduções de juros pelo Fed [Federal Reserve, banco central norte-americano], mas, conforme os dados de inflação americana passaram a ser divulgados, as projeções para esses cortes passaram a se reduzir.”
As melhorias nos números do PIB, de acordo com o boletim, refletiram o forte desempenho que tem sido registrado pelos setores de serviço e varejo, bem como a melhora nas condições de crédito, com juros mais baixos e o volume de concessões voltando a crescer depois do aperto do mercado e dos altos níveis de inadimplência do ano passado.
As estimativas, porém, não embutem possíveis efeitos da tragédia no Rio Grande do Sul, que representa 6,5% da economia nacional. O entendimento da pasta é que ainda é necessário ter dimensão mais clara de quais serão os reflexos tanto dos estragos quanto dos pacotes de ajuda fiscal e auxílios que estão sendo direcionados para o estado.
“A magnitude desse impacto deverá depender da ocorrência de novos eventos climáticos, de reflexos desse impacto para estados próximos e do efeito de programas de auxílio fiscal e de crédito nas cidades atingidas pelas chuvas”, afirma o relatório. “O PIB do Rio Grande do Sul deverá registrar perdas principalmente no segundo trimestre, parcialmente compensadas ao longo dos trimestres posteriores.”
No caso da expectativa maior para a inflação, o aumento nos preços de produtos fornecidos em larga escala pelo estado, arroz, frango e carnes, teve influência, mas a avaliação é que os preços mais altos de agora tendem a voltar ao normal nos meses seguintes, conforme a situação e a produção se normalizem. “Embora a inflação de maio e junho deva acelerar em repercussão à calamidade, o efeito nos preços tende a ser majoritariamente temporário, em grande medida compensado após a normalização da oferta desses alimentos”, afirma o relatório.