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Ghosn diz que esperava ajuda do governo brasileiro durante a prisão

Ex-executivo criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro, que preferiu não se envolver no caso

Por Larissa Quintino Atualizado em 8 jan 2020, 12h07 - Publicado em 8 jan 2020, 11h50
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  • O ex-chefe da aliança Nissan-Renault, Carlos Ghosn, afirmou nesta quarta-feira, 8, durante seu primeiro pronunciamento público desde que foi preso em novembro de 2018, que esperava uma postura mais ativa do governo brasileiro durante o período que ficou preso no Japão. “Uma vez, quando questionado por jornalistas, o presidente Jair Bolsonaro disse que não estava pronto para falar do meu caso para não atrapalhar as autoridades japonesas. Eu não gostei do posicionamento, mas respeito”, afirmou a jornalistas durante coletiva em Beirute, capital do Líbano.

    Ghosn, 65 anos, nasceu em Porto Velho, em Rondônia, e morou no Brasil até os seis anos, quando mudou com a família para o Líbano. Depois disso, voltou ao país para comandar a divisão latino americana da Michelin, antes de trabalhar para a Renault. Ghosn, que confirmou ter bom relacionamento com o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que esperava uma postura diferente do governo brasileiro.

    O executivo, no entanto, elogiou o tratamento consular recebido no período que ficou preso em uma cela solitária. Segundo ele, o consul do Brasil em Tóquio, João Mendonça, foi “muito amigo” no período. “Ele e sua família cuidaram muito bem de mim”, afirmou.

    Ghosn se diz inocente

    Durante a conferência de imprensa, Ghosn se defendeu das acusações feitas pela Justiça japonesa e disse que sua prisão aconteceu por causa de um complô político entre Nissan e a promotoria japonesa. Segundo ele, os japoneses queriam mais liberdade de decisão dentro da aliança com a Renault e, por isso, decidiram o entregar sob alegações falsas para as autoridades japonesas.

    “Sentia que eu era refém de um país ao qual servi por 17 anos. Liderei uma companhia que estava mal. Fui considerado um modelo no Japão e, de repente, uns procuradores, uns executivos passam a dizer que sou ganancioso, frio”, afirmou, ao alegar o que considera violações do sistema japonês.

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    Ghosn disse que a decisão “mais difícil que teve na vida” foi a de fugir do Japão para o Líbano, mas precisava ter como contar seu lado da história. Após ficar detido por 130 dias, Ghosn foi liberado sob fiança e depois preso novamente. Em um acordo com a Justiça do Japão, ele cumpria uma espécie de prisão domiciliar. O executivo poderia sair de casa, desde que avisasse as autoridades, mas não deveria sair do Japão ou falar com sua esposa, Carole. Em dezembro, ele protagonizou uma fuga cinematográfica para o Líbano, a qual as autoridades japonesas não conseguem explicar.

    “Não fugi da Justiça, fugi da injustiça”, disse. Segundo ele, os “princípios dos direitos humanos foram violados” com sua prisão e a Justiça japonesa segurou seus documentos de defesa.

    Além disso, ele afirma que a falta da data para o julgamento também é uma violação grave. “Eu ia passar cinco anos preso sem julgamento? Não tive direito a ampla defesa”. Ghosn disse que foi “brutalmente retirado” de sua família, como uma estratégia da Justiça japonesa para pressioná-lo a confessar crimes os quais alega ser inocente.

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