O mercado aguardava ansioso na tarde desta quarta-feira, 25, a divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, para entender os próximos passos da autoridade na condução da política monetária do país. O Fed indicou que deve manter as elevações de 0,50 ponto porcentual nos juros nas próximas reuniões e prevê redução dos estímulos financeiros a partir de junho.
Os Estados Unidos convivem com uma inflação no patamar de 8%, um fenômeno não experimentado pelos americanos há pelo menos quatro décadas. O Fed vem agindo por meio da elevação de juros para controlar a disseminação dos preços. No início de mês, o banco fez a segunda elevação na taxa básica de juros para 0,50 ponto porcentual, o maior aumento nos últimos 22 anos, numa tentativa radical de conter a inflação histórica no país. No comunicado da ata, o Fed demonstra disposição em continuar a elevação dos juros até ancorar as expectativas inflacionárias para a meta de 2%.
Segundo a autoridade, as pesquisas das expectativas de inflação dos EUA continuaram a projetar uma desaceleração significativa da inflação nos próximos anos. No entanto, a compensação da inflação futura aumentou ao longo do período, e os participantes do mercado permaneceram atentos ao risco de que, ao trazer a inflação de volta para 2%, o Comitê precisaria apertar mais do que o esperado atualmente. “Acredito que a autoridade está deixando bem clara a intenção de elevar para 0,50% a taxa de juros nas próximas reuniões, podendo encerrar o ano com uma taxa de 3,5%”, avalia Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
A autoridade atribui riscos inflacionários à guerra no Leste Europeu e também à política de “Covid zero” da China, que vem impondo bloqueios em diversas cidades chinesas para conter a propagação do vírus, gerando novos desequilíbrios nas cadeias de suprimentos globais. “O Comitê espera que a inflação volte ao seu objetivo de 2% e o mercado de trabalho continue forte. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu aumentar a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais para 0,75% a 1% e prevê que os aumentos contínuos na faixa-alvo serão apropriados. Além disso, o Comitê decidiu começar a reduzir suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências em 1º de junho”, comunica a autoridade no documento.