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Ex-presidente do BC, economista Ibrahim Eris morre aos 80 anos

Economista esteve à frente do Banco Central entre março de 1990 e maio de 1991, justamente época do lançamento do “Plano Collor”

Por Camila Pati, Juliana Elias 8 nov 2024, 15h28
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  • Ex-presidente do Banco Central (BC) entre março de 1990 e maio de 1991, o economista Ibrahim Eris faleceu nesta sexta-feira, 8, aos 80 anos.  Ele será enterrado neste sábado, 9, no Cemitério do Morumby, em São Paulo.

    Natural da Turquia, Eris estudou economia e estatística  na Middle East Technical University. Doutor pela Universidade de Vanderbilt, o economista chegou ao Brasil  nos anos 1970 e foi professor da Universidade de São Paulo (USP). Também foi vice-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA).

    Em 1989 participou do grupo que preparou o programa econômico do então candidato Fernando Collor de Mello e passou a integrar a equipe liderada pela ministra Zélia na pasta de Economia do governo eleito.

    Naquele ano, a alta dos preços havia sido de 1.972%. O “Plano Collor”, como ficou conhecido, foi anunciado em 16 de março de 1990, no primeiro dia de governo do novo presidente. Era um conjunto de medidas que incluía congelamento temporário de preços, reajustes controlados de salários, aumento massivo de impostos e suspensão quase total de subsídios.

    A intenção era enxugar drasticamente tanto os reajustes nos preços, que chegavam a ser diários, quanto os gastos do governo, dois dos principais combustíveis da hiperinflação.

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    O problema é que toda medida de congelamento gera uma corrida de gastança –se as pessoas sabem que seu salário não vai subir, ou que os preços das coisas ficarão temporariamente parados, elas correm para comprar tudo o que podem antes que seu dinheiro perca o valor, e essa corrida também alimenta a hiperinflação.

    Foi aí que entrou o confisco da poupança, que incluiu ainda saldos depositados em contas-correntes e no chamado overnight, um tipo de aplicação financeira “anti-inflação” que os investidores usavam à época. A ideia não era tirar o dinheiro das pessoas, mas sim evitar que elas sacassem tudo e saíssem gastando tão logo o novo plano de congelamentos e ajustes entrasse em vigor.

    A partir daquele 16 de março, as pessoas só poderiam sacar um máximo de 50 mil cruzados do que houvesse depositado em suas contas (25 mil no caso do overnight). Todo o restante ficaria retido por 18 meses, um montante estimado em 80% de tudo o que esses depósitos somavam.

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    O fracasso do plano, levou, ainda no primeiro semestre de 1991, Ibrahim Eris a deixar o comando do Banco Central. “Tenho que admitir que,
    depois de alguns meses, comecei a perceber que não teríamos sucesso no combate à inflação. Começaram as pressões, os vazamentos – essa
    era uma palavra muito popular na época. Os aspectos monetários do  plano foram mal recebidos e também tive muitas dificuldades com o
    setor privado, não houve a colaboração que eu esperava”, afirmou Eris em entrevista publicada na galeria de presidentes do BC.

    Fora do governo, o economista atuou como consultor de investimentos. Apesar da frustação com o plano de estabilização, Eris considerava  que muito foi feito pela economia brasileira naquele período, como o início de um importante processo de abertura econômica, o desenho do processo que levou a diversas privatizações e o incremento de incentivos à desburocratização.

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