Os preços da indústria subiram 1,94% na passagem de junho para julho, a maior variação dos últimos três meses – houve variação de 1,29% em junho e de 0,99% em maio. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 27, o indicador registra 21,39% nos sete meses de 2021, maior que o acumulado em todo o ano de 2020 (19,38%). No acumulado de doze meses, o índice chega a 35,08%.
A pesquisa mede a variação dos preços de produtos na “porta da fábrica”, sem impostos e frete, de 24 atividades das indústrias extrativas e da transformação. Dessas, vinte tiveram variação positiva em julho. A maior influência no índice veio de alimentos, refino de petróleo e produtos de álcool, indústrias extrativas e metalurgia. Houve alta das commodities minerais, agropecuárias e petróleo. “Um inverno mais rigoroso em 2021 e a entressafra de insumos importantes à fabricação de alimentos também contribuíram para deteriorar as condições de oferta de matéria-prima, pressionando as margens do produtor industrial desse setor”, avalia Felipe Figueiredo Câmara, analista do Índice de Preços ao Produtor (IPP),
Câmara destaca ainda os efeitos da depreciação cambial corrente, após dois meses de alta, a qual provoca um aumento do montante em reais recebido em toda a indústria pela venda de produtos cotados em moeda estrangeira. “A carne bovina vem sendo afetada em sua estrutura de custos pela alta acumulada na cadeia da soja nos últimos meses, efeito que, em julho, em particular, é reforçado pela entressafra do abate. Ao mesmo tempo, pelo lado da demanda, os preços do produto são pressionados por uma procura internacional aquecida. E, um resultado colateral importante da alta no preço da carne é o efeito substituição na demanda doméstica por proteína animal, com aumento da procura e dos preços da carne de frango, que também é destaque de influência no mês. Uma dinâmica similar afeta os preços do açúcar, que reflete os efeitos da entressafra da cana ao mesmo tempo que tem os preços internacionais em alta”, diz.
Em relação às grandes categorias, a influência sobre o IPP (1,94%) foi de 2,14% em bens de capital; 1,90% em bens intermediários; e 1,98% em bens de consumo, sendo que 0,76% foi a variação observada em bens de consumo duráveis e 2,22% em bens de consumo semiduráveis e não duráveis.