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Em 2020, vendas de shopping centers recuam a níveis de 2009

Com medidas restritivas, estabelecimentos viram faturamento cair 33%; digitalização e uso de estacionamentos para entregas foram soluções

Por Felipe Mendes Atualizado em 28 jan 2021, 14h12 - Publicado em 28 jan 2021, 12h44
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  • Diante das medidas restritivas ocasionadas pela disseminação da Covid-19 ao longo de 2020, o faturamento do setor de shopping centers caiu. Apesar de um crescimento de 5,1% em número de lojas, o que levou esse mercado à marca de 110 mil unidades, as vendas e o fluxo de visitantes sofreram no ano. O faturamento do setor, de acordo com dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), foi de 128,8 bilhões de reais, um decréscimo de 33,2% em relação a 2019. A projeção inicial, não fosse o novo coronavírus, era de um crescimento de 7% na temporada. Com a perda de volume de vendas, o setor recuou a níveis de 2009, algo que, segundo a entidade, pode ser recuperado nos próximos três anos. O número mensal de visitantes aos complexos, por sua vez, foi de 341 milhões de pessoas, queda de 32% frente a 2019.

    No desempenho anual, o mês de abril foi o mais prejudicado para o setor. Com shoppings fechados para conter a disseminação do vírus em diversas regiões do país, as vendas para o mês declinaram 89% frente ao mesmo período em 2019. O desempenho do Dia das Mães, uma das três datas mais importantes para o varejo, foi altamente afetado por conta das medidas restritivas. Com apenas 12% dos estabelecimentos em funcionamento, o recuo nas vendas foi de 91,1%. Já no Dia dos Namorados, comemorado em junho e com 67% dos shoppings reabertos, a queda foi menor: 73,9%. Nos meses seguintes, com o aparente controle da disseminação do vírus pelo país, as vendas dos complexos se recuperaram gradualmente. No Dia dos Pais, a perda foi de 32,5%. O Dia das Crianças, celebrado em outubro, já com 100% dos shoppings reabertos, registrou queda de 20,5% nas vendas. As vendas no Natal, por sua vez, foram 12,3% menores que em 2019.

    Com o avanço do contágio da enfermidade, mais pessoas experimentaram a compra por meio do comércio eletrônico, outro fator que impactou no consumo presencial nas lojas. O resultado de menos consumidores circulando nos shoppings e, consequentemente, um menor faturamento foi o avanço expressivo na taxa de vacância dos complexos: foi de 4,7% em 2019 para 9,3% em 2020. O fechamento dos espaços, inclusive, impactou no número de empregos gerados pelo setor. Em 2020, foram 998 mil empregos gerados pelo setor, queda de 9,4% em relação ao ano anterior.

    Com o intuito de utilizar melhor as áreas ociosas dos estacionamentos, que receberam menos carros em 2020, os shoppings utilizaram o espaço como áreas para aplicativos de entrega, para drive-thru que permitiam a retirada de pedidos direto do carro e como local para arrecadação de mantimentos para campanha de doações. Em 2021, esses espaços poderão ser utilizados, segundo Humai, como local para vacinação em massa contra o novo coronavírus. A entidade luta, junto aos governos municipais, para ressignificar o uso dos estacionamentos. Hoje, a quantidade de vagas é determinada de acordo com o tamanho do complexo comercial. “Temos conversado com diversas prefeituras para que o cálculo do número de vagas pelo tamanho do estacionamento seja refeito, permitindo a utilização dessa área para outros fins, como novos lojistas, serviços, espaços para entretenimento e lazer”, diz Glauco Humai, presidente da entidade. “Isso geraria muito mais emprego, mais receita tributária, movimenta mais a economia e faz muito mais sentido para a população em geral.”

    Para 2021, ainda que o cenário ainda seja de incerteza, a entidade projeta a abertura de 13 novos empreendimentos, superando o ano de 2020, em que houve sete inaugurações de complexos comerciais pelo Brasil. A Abrasce projeta um crescimento de 9,5% em vendas para o ano, recuperando parte das perdas de 2020. “Os números mostram que nós podemos recuperar o patamar perdido em cerca de dois ou três anos. Para isso, precisamos crescer cerca de 10% a 12% ao ano. É possível”, disse Humai. “Eu acredito que o ano de 2022 pode ser muito positivo para o setor. Com a demanda reprimida, com a pandemia sob controle, com novas inaugurações no setor, com a economia um pouco mais estável, o próximo ano pode nos surpreender e levar a patamares mais próximos ao que tínhamos antes da pandemia”, complementa.

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