O crescimento forte do produto interno bruto (PIB) brasileiro deve continuar surpreendendo até o fim deste ano. Para o terceiro trimestre, as projeções de bancos e casas de análise apontam para um crescimento que pode chegar até 0,8% na comparação com o trimestre anterior, ou o equivalente a uma alta de 4% em um ano, quando feita a comparação com o mesmo trimestre um ano antes. O resultado do trimestre terminado em setembro será divulgado nesta terça-feira, 2, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Consumo e mercado de trabalho aquecidos, além de uma recuperação dos investimentos ao longo do ano, estão entre os fatores que estão ajudando a dar tração à economia. Há um consenso entre os especialistas, porém, de que este ritmo de crescimento deve começar a desacelerar nos próximos trimestres, conforme pressões sobre a inflação e a crise de credibilidade da situação fiscal do país junto aos investidores pressionem por um aumento mais forte da taxa de juros pelo Banco Central, o que tem efeito recessivo.
“Olhando para frente, vemos riscos de alta no curto prazo mas riscos de retração no longo prazo”, disse, em relatório, o BTG Pactual, que estima crescimento de 4% na comparação anual do terceiro trimestre. “Pelo lado positivo, a inesperada reaceleração no crédito às famílias pode impulsionar o consumo no quarto trimestre, reforçando a necessidade de um aperto adicional na política monetária. Pelo lado negativo, o acentuado agravamento das condições financeiras desde abril e a necessidade de contenção fiscal podem levar a uma desaceleração econômica mais acentuada.” A conta do banco é que o PIB deve crescer 3,2% em 2024 e 1,6% em 2025.
Para o J.P.Morgan, o frustrante pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo federal, com medidas de contenção de gastos aquém do estimado pelos analistas de mercado para que a dívida do país pare de crescer, deve forçar o Banco Central a subir a Selic, a taxa básica de juros, ainda mais: a projeção do banco, que esperava a taxa a 13% até o fim do ano que vem, agora é de que ela deva subir até 14,25%. “O pacote fiscal desapontou, levando a um câmbio mais depreciado e expectativas de inflação maior”, disse o J.P.Morgan em relatório. “Uma política monetária mais gradual reforçaria essa deterioração das expectativas.”
De acordo com o Itaú, os resultados do PIB no segundo semestre deste ano devem mostrar em uma desaceleração em relação ao primeiro, mas, ainda assim, ainda podem surpreender para cima. “Para o ano fechado esperamos alta de 3,2% considerando um primeiro semestre forte, e uma desaceleração mais moderada na segunda metade do ano”, disse o banco em relatório. “Mas vale destacar que se nossas estimativas para 3T se confirmarem, existe um viés de alta para nossa projeção do ano, atualmente em 3,2%.” A projeção do Itaú é de um crescimento de 0,6% do PIB do terceiro trimestre na comparação com o segundo, e uma alta de 3,8% na comparação com o terceiro trimestre em 2023.