Incertezas em relação ao andamento da reforma da Previdência fizeram o dólar disparar 2,68% nesta sexta-feira, 22, e fechar a 3,90 reais, a maior cotação desde 26 de dezembro de 2018.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaçou deixar a articulação política da reforma da Previdência e abalou os mercados financeiros.
A forte demanda pela moeda norte-americana refletiu a piora da percepção do ambiente político para aprovação da reforma da Previdência. Assim, o mercado receia que se leve mais tempo para aprovar a mudança nas regras de aposentadoria e que o texto final fique mais diluído, acarretando menor economia fiscal.
No cenário externo, a moeda norte-americana teve alta generalizada ante as divisas de países emergentes, com o temor de desaceleração da economia mundial, preocupação que foi ampliada após a divulgação de indicadores fracos da atividade na Alemanha e outros países da zona do euro, além do Japão e dos Estados Unidos.
O real teve o segundo pior desempenho ante o dólar, perdendo apenas para a Turquia. A moeda dos EUA disparou quase 7% no mercado turco, com tensões envolvendo as colinas de Golan.
O dólar operou em alta durante todo o dia, mas foi só no meio da tarde que superou o nível de 3,90 reais. Segundo analistas do mercado financeiro, não repercutiu bem a declaração de Jair Bolsonaro sobre o desentendimento entre Maia e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). “Se a postagem de Carlos foi causa de insatisfação de Maia, lamento, mas não é motivo”, disse o presidente Bolsonaro, no Chile.
O presidente da Câmara teria tomado a decisão de abandonar a articulação da Previdência após ler mais uma postagem do vereador, com críticas a ele por não priorizar o pacote anticorrupção do ministro da Justiça, Sergio Moro. Para tentar resolver a crise, Bolsonaro deve se encontrar com Maia na segunda-feira, 25.