Diante da escalada do dólar nesta semana, o Banco Central decidiu ofertar 13.000 contratos de swap cambial em leilão nesta sexta-feira, 21. Vendeu todos. Mas a tentativa de conter os avanços da moeda americana frente à brasileira não surtiu o efeito imaginado. O dólar encerrou o dia em alta de 0,03%, nova máxima histórica de fechamento, cotado a 4,393 reais. No intradia, a moeda americana chegou a registrar 4,4073 reais.
O dólar tem disparado nos últimos dias devido aos efeitos causados pelo novo coronavírus (rebatizado de covid-19) na economia chinesa. “O Banco Central pode intervir para limitar rupturas financeiras, mas isso não deve alterar o curso do real dado o cenário para o câmbio global”, disse o JP Morgan, em relatório recente. “O real deve experimentar fortes movimentos dependendo da evolução do coronavírus e do sentimento em relação a isso”, acrescentou o banco americano.
A doença, que já matou mais de duas mil pessoas mundo afora, fez com que a produção da indústria chinesa se arrefecesse. Com fábricas paradas e o surto espalhado pelas ruas do país asiático, estima-se que a China não consiga manter sua faixa de crescimento anual, em torno de 6% – o país asiático é o principal exportador de componentes de tecnologia no mundo. Sua desaceleração tem o potencial de afetar diversos mercados.
Além disso, os indicadores de crescimento abaixo do esperado divulgados no início deste ano também contribuem para a desventura do real frente à moeda americana.“O dólar está crescendo sobre todas as moedas no mundo. O coronavírus tem gerado um estresse na maioria dos balanços econômicos de países e empresas. Isso explica os avanços”, diz Pedro Galdi, analista da corretora Mirae Asset. “O mercado está muito nervoso. Quando esse fenômeno se normalizar, o gringo deve voltar”, complementa. Ao que tudo indica, a flutuação cambial deve persistir nos próximos pregões.