As agências de turismo estão facilitando a venda de pacotes e viagens internacionais. Vale tudo para segurar o cliente interessado em viajar para fora do país com o dólar nas alturas. A moeda americana fechou a terça-feira em alta, vendida a 4,06 reais. Nas corretoras, o dólar turismo superou a casa dos 4,50 reais.
A CVC admite que a valorização do dólar muda o destino de viagem de seus clientes. Segundo a empresa, 70% dos clientes que viajam de férias em tempo de dólar alto ficam dentro do país, enquanto os 30% restantes vão para o exterior. “Em momentos de dólar estável, essa divisão fica 60% para nacional e 40% para internacional.”
Apesar dessa mudança de destino, a CVC afirma contar com mecanismos para amortecer o impacto da alta do dólar. “Pelo fato de a CVC fazer reservas em grandes volumes junto aos seus fornecedores, consegue manter seus preços estáveis e reverter promoções aos consumidores.”
A CVC diz que as companhias aéreas internacionais repassam tarifas mais atrativas de passagens em períodos de câmbio desfavorável. A empresa parcela os pacotes em até 15 vezes sem juros.
A Submarino Viagens estendeu o prazo de pagamento dos pacotes e passagens aéreas nesta semana, de 12 vezes para 15 vezes em parcelas fixas em reais. A empresa afirma que o cliente tenta adaptar o orçamento às novas condições cambiais, mas não desiste do destino internacional. “Se a escolha do destino de férias ocorre em época de alta do dólar, normalmente o cliente procura condições mais atrativas para inserir a viagem no orçamento.”
Aldo Leone Filho, presidente da Agaxtur, disse que a agência lançou 12 promoções de passagens aéreas para a Europa nesta quarta-feira e conseguiu, com isso, aumentar em 30% a venda para esses destinos. “Hoje, consigo vender uma passagem para a Europa por 560 dólares. No mês passado, esse mesmo bilhete era ofertado por 1.000 dólares. Em reais, está mais barato viajar agora, mesmo com o dólar mais alto. Estamos na baixa temporada”, disse Leone Filho.
Consumidor
A recente disparada do dólar tem feito os turistas brasileiros pensarem mais antes de tomar uma decisão. Segundo Magda Nassar vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), os clientes demoram mais para fechar os pacotes de viagem à espera da melhora no câmbio.
“O que ocorre é uma indecisão na hora de pagar o pacote. O cliente demora mais, avalia mais a viagem, tenta colocar o passeio no orçamento. Essa oscilação cambial é ruim porque paira uma indecisão no ar”, disse Nassar.
No entanto, segundo ela, esse momento pode ser bom para o consumidor, porque há mais promoções de passagens aéreas e pacotes de viagens, além de condições melhores de pagamento. “As agências negociam preços melhores em diárias e as companhias aéreas fazem mais promoções. Isso, muitas vezes, pode baratear os pacotes em reais. É bom os clientes ficarem atentos às ofertas porque podem fazer bons negócios”, afirmou Nassar.
Nassar diz que os brasileiros dificilmente cancelam as viagens internacionais. “Viagem é um sonho, e os clientes não trocam pacotes para a Europa, por exemplo, por um para o Nordeste. Eles mudam o nível da viagem, fazem um pacote mais econômico”, ressaltou Nassar.