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Desigualdade cai em 2022 com programas sociais e trabalho aquecido

O percentual de pessoas em situação de pobreza caiu de 36,7% em 2021 para 31,6% em 2022, enquanto na extrema pobreza recuou de 9% para 5,9%

Por Larissa Quintino Atualizado em 6 dez 2023, 12h23 - Publicado em 6 dez 2023, 11h13
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  • O percentual de pessoas em extrema pobreza, ou seja, que viviam com menos de 200 reais por mês, no Brasil, caiu para 5,9% em 2022, após alcançar 9,0% em 2021. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada nesta quarta-feira, 6,  pelo IBGE.

    Segundo o instituto, a proporção de pessoas em situação de pobreza, que viviam com até 637 reais por mês, caiu de 36,7% em 2021 para 31,6% em 2022. Em termos de contingente, em 2022, havia 12,7 milhões de pessoas na extrema pobreza e 67,8 milhões na pobreza, com queda de cerca de 6,5 e 10,2 milhões de pessoas, respectivamente, nessas situações de um ano para o outro.

    O Índice de Gini é o medidor usado para estimar a desigualdade de renda e consiste em um número entre 0 e 1. Quanto mais baixo, menor a diferença entre as classes. Esse indicador ficou em 0,518 no ano passado. Segundo o IBGE, se os programas sociais não existissem, o resultado poderia chegar a 0,548.

    Durante a pandemia, o governo de Jair Bolsonaro pagou o Auxílio Emergencial, de 600 reais, para quase um terço da população, Em 2022, com o fim do Auxílio Emergencial, o governo passou a pagar o Auxílio Brasil, também de 600 reais, para os beneficiários do então Bolsa Família. Em 2023, o programa voltou a se chamar Bolsa Família pelo governo Lula, também com benefício central de 600 reais.

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    Análise

    O IBGE considerou, nessa análise, os parâmetros do Banco Mundial de 2,15 dólares por dia para extrema pobreza e de 6,85 dólares por dia para a pobreza, em termos de Poder de Paridade de Compra (PPC) a preços internacionais de 2017. Essas são as linhas utilizadas para o monitoramento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 1 (ODS1: Erradicação da Pobreza), e foram atualizadas pelo Banco Mundial em 2022, sendo, até então, utilizados os valores de 1,90 dólar por  dia para extrema pobreza e 5,50 dólares por dia para pobreza.

    Nos parâmetros anteriores, os percentuais de pessoas em extrema pobreza (5,2%) e pobreza (24,1%) seriam menores, porém, o movimento apresentado na série histórica é o mesmo, com aumento de 2020 para 2021 e queda entre 2021 e 2022. Além disso, observa-se que a atualização da linha impactou mais o percentual de pessoas na pobreza do que na extrema pobreza. “Na linha de extrema pobreza não há uma diferença significativa entre os valores da linha antiga e da linha atualizada ao longo da série, pois ela é basicamente de consumo para subsistência e sua atualização se dá principalmente por uma questão de preços. Já a linha de pobreza mostra uma diferença maior, ligada a dinâmica do rendimento e padrões de consumo mais heterogêneos de países de renda média alta”, destaca André Simões, analista da pesquisa.

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    A participação dos benefícios de programas sociais no rendimento domiciliar das pessoas em situação de extrema pobreza chegou a 67,0% em 2022. Já a renda do trabalho foi responsável por apenas 27,4% do rendimento desse grupo. No Nordeste, os benefícios de programas sociais representaram 72,4%, caindo para 48,2% na região Sul, enquanto a participação da renda do trabalho foi de, respectivamente, 23,7% e 38,6%.

    Entre os domicílios considerados pobres, o rendimento de benefícios de programas sociais chegou a 20,5% do total do rendimento. A renda do trabalho, por sua vez, foi responsável por 63,1%. No Sudeste, a proporção é ainda maior, com a renda do trabalho chegando a 70,2% do rendimento dos domicílios, enquanto no Nordeste, o percentual foi de 54,3%, em 2022.

    “Isso mostra a importância das transferências de renda para a composição da renda dos domicílios das pessoas extremamente pobres e a maior influência do mercado de trabalho na composição da renda da população pobre”, observa Simões. Na população total, a distribuição de rendimentos por fonte ficou em 74,5% para trabalho; 18,1% para aposentadoria e pensão; 3,0% para benefícios de programas sociais e 4,4% para outras fontes.

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    Programas sociais

    Além da maior participação na composição da renda da população extremamente pobre, os benefícios de programas sociais governamentais também impactam na redução, principalmente, da extrema pobreza. O estudo analisou a hipótese de não existirem os referidos programas, e os dados mostraram que a extrema pobreza teria sido cerca de 80% maior, elevando o percentual atual de 5,9% para 10,6%.

    Com relação à pobreza, os impactos da ausência dos benefícios de programas sociais governamentais teriam sido menores, com uma proporção de pobres 12,0% maior do que o efetivamente registrado em 2022, passando de 31,6% para 35,4%.

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