A atividade econômica está reaquecendo, os dados de PIB do início do ano são melhores que o esperado, assim como as perspectivas do mercado financeiro, que projeta um crescimento acima de 5% para este ano. Apesar dessa volta e do sentimento de otimismo, os números de desemprego continuam a preocupar. Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 30, pelo IBGE, a taxa de desocupação no trimestre encerrado em abril chegou a 14,7%, um aumento de 3,4% em relação ao período anterior, encerrado em janeiro.
De acordo com a Pnad Contínua, entre fevereiro e abril, 489 mil pessoas entraram na fila do desemprego, totalizando 14,8 milhões de brasileiros buscando por trabalho no país. Segundo o instituto, essa taxa e o contingente de desocupados mantêm o recorde registrado no trimestre encerrado em março, o maior da série desde 2012.
O IBGE considera desempregado quem está sem trabalho e procurando uma nova ocupação. Então, com o reaquecimento da economia, é natural que mais pessoas passem a buscar emprego, aumentando o contingente de desempregados. Porém, o dado de ocupação continua baixo. Segundo a pesquisa, o nível de ocupação é de 48,5%, menos da metade da população com idade para trabalhar, está efetivamente trabalhando, uma estabilidade na comparação com o período anterior. “O cenário foi de estabilidade da população ocupada (85,9 milhões) e crescimento da população desocupada, com mais pressão sobre o mercado de trabalho”, afirma a analista da pesquisa, Adriana Beringuy
Na comparação com o trimestre fechado em abril do ano passado, quando foram observados os primeiros efeitos da pandemia, o mercado de trabalho ainda registra perdas na ocupação, mas num ritmo menor. “Ainda registramos perdas importantes da população ocupada (-3,7%), mas já tivemos percentuais maiores, que chegaram a 12% no auge da pandemia. Estamos observando, portanto, uma redução no ritmo de perdas a cada trimestre. No computo geral, contudo, temos menos 3,3 milhões de pessoas trabalhando desde o início da pandemia”, pondera a analista
Categorias
A maioria dos indicadores permaneceram estáveis no trimestre até abril, em relação ao anterior. Entre as categorias profissionais, somente os trabalhadores por conta própria cresceram (2,3% ou mais 537 mil pessoas), totalizando 24,0 milhões. “Essa forma de inserção no mercado tem um contingente mais elevado agora do que em abril de 2020. Observamos uma reação maior no trabalho por conta própria do que no emprego com carteira no setor privado”, acrescenta Adriana Beringuy.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado ficaram estáveis em 29,6 milhões no trimestre. Na comparação anual, porém, houve uma redução de 8,1% ou menos 2,6 milhões de pessoas. Os empregados no setor privado sem carteira também ficaram estáveis (9,8 milhões). Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, foi registrada uma redução de 3,7%, com menos 374 mil pessoas.
A categoria dos trabalhadores domésticos foi estimada em 5,0 milhões de pessoas. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, esse grupo de trabalhadores reduziu 10,4%, menos 572 mil pessoas. Os empregados do setor público ficaram estáveis em 11,8 milhões. Já o número de empregadores com CNPJ (3,1 milhões) manteve o recorde de menor contingente da série histórica iniciada no quarto trimestre 2015, quando começou a ser pesquisada a diferenciação de profissionais com e sem CNPJ.
O IBGE destaca o dado de subutilização da força de trabalho, de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial. Esse contingente chegou a 33,3 milhões, o maior da série comparável, um aumento de 2,7% com mais 872 mil pessoas. A taxa de 29,7% também foi recorde, uma variação de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (29,0%).
Beringuy observa que a população subocupada por insuficiência de horas trabalhadas continua aumentando desde o trimestre fechado em outubro. O crescimento dos subocupados é maior que o da população ocupada. “Isso mostra que vem aumentando o número de trabalhadores que têm disponibilidade para trabalhar mais horas do que aquelas habitualmente trabalhadas”, explica a analista.
Os desalentados, que desistiram de procurar trabalho devido às condições estruturais do mercado, somaram 6,0 milhões de pessoas, ficando estáveis em relação ao trimestre anterior, mas permanecem como maior patamar da série.