Os dados chineses divulgados nesta terça-feira lançam luz sobre crescentes tensões econômicas no gigante asiático. Em uma resposta antecipada a esse cenário, antes mesmo da apresentação dos dados de julho, Pequim optou pela redução das taxas de juros, buscando assim dar um impulso à sua economia. O governo, sob a liderança de Xi Jinping, está focado em reanimar o setor econômico sem a necessidade de recorrer a estímulos massivos, provavelmente por receios em relação ao agravamento dos níveis de dívida que são percebidos como alarmantemente elevados.
Como parte dessa estratégia, a taxa de juros para empréstimos de um ano, um barômetro crucial para o mercado local, teve um corte de 0,15 ponto percentual, situando-se agora em 2,5% ao ano. Esse foi o ajuste mais significativo na taxa de juros desde o pico da pandemia de Covid-19 na China. O porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, afirmou que o caminho não será fácil. “A recuperação econômica da China vai registrar ondas e será um processo tortuoso que inevitavelmente enfrentará dificuldades e problemas”, afirmou. O porta-voz, no entanto, afirmou que as críticas e temores ocidentais “estão equivocados”. Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os crescentes problemas do país asiático constituem uma “bomba-relógio”.
Os cortes vieram na esteira de dados econômicos chineses não muito promissores. Em julho, as vendas no varejo tiveram um crescimento de 2,5% em relação ao ano anterior, valor que ficou aquém do previsto. A título de comparação, no mês anterior, esse crescimento foi de 3,1%. A produção industrial também não cumpriu as expectativas, com um crescimento de 3,7%, quando se esperava um valor de 4,6%.
Em um movimento potencialmente preocupante, o Serviço Nacional de Estatísticas da China suspendeu a divulgação de dados sobre o desemprego juvenil, que atingiu recentemente seu maior índice desde o início de sua publicação em 2018. Este alarmante 21,3% de desemprego entre os jovens revela os desafios na recuperação econômica pós-pandemia na China, país que foi alvo de rigorosos lockdowns pela política Covid Zero. Já o índice geral de desemprego subiu ligeiramente de 5,2% em junho para 5,3% em julho.
Para agravar o panorama, o crescimento econômico da China reduziu-se a 0,8% nos últimos três meses concluídos em junho, comparado a 2,2% no trimestre de janeiro a março. Este ritmo lento, que corresponde a uma taxa anual de 3,2%, é um dos mais baixos em décadas. Uma das razões para essa desaceleração é a queda no setor imobiliário, atribuída aos controles mais rigorosos do governo sobre a dívida das construtoras.